conhecidos como “levantes tenentistas”, dada a forte participação
da suboficialidade do Exército neles.
Em paralelo a essas agitações, sobretudo após a I Guerra
Mundial (1914-18), cresce o movimento interno profissionalizante,
impulsionado quer por jovens oficiais formados em intercâmbio
na Alemanha (“jovens turcos”), quer por oficiais antitenentistas
que propugnavam a unidade do Exército e seu engajamento insti-
tucional, através do Estado-Maior, somente em caso de grave
ameaça à ordem interna. Nessa perspectiva se enquadrariam a
intervenção de 1930, em meio às denúncias de fraude eleitoral; o
golpe varguista de 1937, depois da fracassada revolta militar
comunista de 1935; a derrubada de Vargas, em 1945, para garan-
tir a redemocratização do país; entre outros episódios cujo ápice
(destoante) seria o contragolpe de 1964, quando o poder só seria
devolvido aos civis, vinte anos depois.
É sob esta moldura que devemos entender o posicionamento
público do general Villas-Bôas, liderança militar de perfil liberal,
moldada pela perspectiva institucional-profissionalizante da
Escola Superior de Guerra – que fundiu segurança com desenvol-
vimento econômico –, para quem “o Brasil (…) tem um sistema de
pesos e contrapesos que dispensa a sociedade de ser tutelada”,
mas que, ao mesmo tempo, sabe dos efeitos disruptivos de suas
fraquezas institucionais sobre a sociedade e, particularmente,
sobre a tropa, num momento em que as ameaças explícitas dos
populistas de esquerda em prol da “guerra de classes” encontram
como antípoda Jair Bolsonaro e sua pregação intervencionista,
com repercussões internas no próprio Alto Comando do Exército
– vide general Hamilton Mourão.
Neste contexto, tudo que um Chefe do Exército não pode fazer
é se fingir de morto em “seu quadrado normativo”, sob pena de ver
crescer, com o beneplácito dos comandantes de batalhão, a volta
do fantasma do engajamento de base dos militares na política.
A questão militar
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