Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 47

Hoje, a polarização se dá no seio da sociedade civil, entre forças políticas representadas por políticos, partidos e segmentos sociais distintos, com concepções e interesses políticos opostos. Polariza- ção que ocorre em um regime democrático em que todos têm direito a exprimir suas opiniões, organizar-se e mobilizar-se. A polariza- ção, hoje, não é entre governo e oposição, na medida em que este governo não tem qualquer força social que lhe apoie, tendo seus índices de aprovação jamais superados os 5%. Porém, ninguém está de fato, hoje, interessado em derrubá-lo. Os que dizem isso fazem apenas um jogo de cena. Nem há forças reais em sua defesa. É um governo moribundo, que todos esperam que se encerre ao final do ano, e a maioria é desejosa que ele garanta o mínimo de condições favoráveis à retomada do crescimento econômico. A polarização política exacerbada cria um jogo político estra- nho. Um exemplo: candidatos de partidos que se autodenominam de esquerda (Lula, PT; Ciro, PDT; Boulos, PSol; e Manuela, PCdoB) são contra a condenação em segunda instância, favorecendo os ricos e corruptos; enquanto candidatos de partidos, em parte considerados de direita, como Bolsonaro, João Amoêdo, Álvaro Dias e Alckmin defendem o princípio hoje vigente de prisão após a condenação em segunda instância. Não há duvidas de que a sobrevivência e continuidade do processo democrático no país passa pela superação desta polariza- ção, e da recuperação da legitimidade das instituições democráti- cas. O que só pode ser obtido na medida em que o eleitorado cami- nhar para o centro, escolhendo um candidato comprometido com a democracia, o combate à corrupção e à desigualdade, e responsável com as reformas que se fazem necessárias. Caso contrário, a crise persistirá e seus desdobramentos são imprevisíveis. Declínio democrático e polarização política 45