Hoje, a polarização se dá no seio da sociedade civil, entre forças
políticas representadas por políticos, partidos e segmentos sociais
distintos, com concepções e interesses políticos opostos. Polariza-
ção que ocorre em um regime democrático em que todos têm direito
a exprimir suas opiniões, organizar-se e mobilizar-se. A polariza-
ção, hoje, não é entre governo e oposição, na medida em que este
governo não tem qualquer força social que lhe apoie, tendo seus
índices de aprovação jamais superados os 5%. Porém, ninguém
está de fato, hoje, interessado em derrubá-lo. Os que dizem isso
fazem apenas um jogo de cena. Nem há forças reais em sua defesa.
É um governo moribundo, que todos esperam que se encerre ao
final do ano, e a maioria é desejosa que ele garanta o mínimo de
condições favoráveis à retomada do crescimento econômico.
A polarização política exacerbada cria um jogo político estra-
nho. Um exemplo: candidatos de partidos que se autodenominam
de esquerda (Lula, PT; Ciro, PDT; Boulos, PSol; e Manuela, PCdoB)
são contra a condenação em segunda instância, favorecendo os
ricos e corruptos; enquanto candidatos de partidos, em parte
considerados de direita, como Bolsonaro, João Amoêdo, Álvaro
Dias e Alckmin defendem o princípio hoje vigente de prisão após
a condenação em segunda instância.
Não há duvidas de que a sobrevivência e continuidade do
processo democrático no país passa pela superação desta polariza-
ção, e da recuperação da legitimidade das instituições democráti-
cas. O que só pode ser obtido na medida em que o eleitorado cami-
nhar para o centro, escolhendo um candidato comprometido com a
democracia, o combate à corrupção e à desigualdade, e responsável
com as reformas que se fazem necessárias. Caso contrário, a crise
persistirá e seus desdobramentos são imprevisíveis.
Declínio democrático e polarização política
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