Por trás da desgraça da nossa Petrobras estão as grandes
empreiteiras e seus controladores, agora presos. E, por trás dos
processos contra Lula, estão as mesmas empreiteiras e seus contro-
ladores: o do triplex, o do sítio de Atibaia, o do Instituto Lula... logo,
há profunda conexão entre Lula e elas, uma clara relação de causa
e efeito, um jogo em que todos ganhavam. E, como ganhavam,
agora perdem juntos. Ou vão para a cadeia juntos.
No seu discurso do dia 7 de abril, Lula se colocou como um
novo “pai dos pobres”, a eterna “vítima das elites”, mas, se os
ganhos sociais são inegáveis, quem mais lucrou na sua era foram
o sistema financeiro e as empreiteiras, enquanto estatais, bancos
públicos e fundos de pensão eram devorados. E ele atiçou a mili-
tância contra Moro e a mídia, jogando álcool na fogueira e isolando
ainda mais o PT e as esquerdas. A baixa adesão à manifestação
pró-Lula num dia histórico, e no berço do PT, já diz tudo.
Quanto à Dilma: ela efetivamente cometeu crime de responsa-
bilidade com as pedaladas, além de governar com a velha e peri-
gosa avaliação de que “um pouco de inflação não faz mal a
ninguém” e gastar desbragadamente é “bom para o povo” (que,
obviamente, é quem depois paga a conta com juros e lágrimas).
E vivia de canetadas: na quebra de contratos no setor elétrico, na
exploração do pré-sal, na queda artificial dos juros.
Enfim, Dilma caiu porque o Brasil não aguentaria mais dois
anos dela, assim como Lula foi preso por ambição, cobiça e uma
promiscuidade com empreiteiras (para ficar só nelas) incompatí-
vel com a Presidência da República e com a sua emocionante
biografia e seu vibrante carisma.
Foi, além de tudo, uma traição à origem do PT, que nasceu para
lutar por um país mais justo e mais ético – não para Lula chegar
ao pódio e dali mergulhar alegremente nos tentáculos da Odebrecht
e da OAS e nadar de braçada nas piores práticas do velho Brasil.
O mundo não acabou
Foi só impressão ou o mundo não acabou, não houve comoção
nacional e não explodiram manifestações de rua no sábado (dia 7
de abril) e no domingo (dia 8) contra a prisão de Luiz Inácio Lula
da Silva, ex-presidente e o maior líder popular do Brasil desde o
fim da ditadura militar?
Produto de exportação
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