políticos, econômicos e sociais do país. Cinco anos depois das
Jornadas de Junho, Lula tornou-se condenado em primeira e
segunda instância, sendo que neste último julgamento, sua pena
aumentou de nove para doze anos, após a condenação no caso
Tríplex. Em 2016, o foguete Redentor fracassara em seu voo e
uma nova capa da The Economist estampava a seguinte pergunta:
Has Brazil blown it?
Diante de tamanha euforia e frustração, em um espaço tão
curto de tempo, o sentimento da nação brasileira e de sua respec-
tiva intelectualidade não tardaria em refazer a seguinte reflexão:
Brasil, brasileiros. Por que somos assim?
Imersos a tal questionamento, Cristovam Buarque, Francisco
Almeida e Zander Navarro organizaram e convidaram diversos
intelectuais renomados para que, ao serem indagados por tal
reflexão, escrevessem ensaios sobre a nossa identidade social,
nacionalidade e cultura. Segundo seus organizadores, a motiva-
ção em produzir este livro encontra-se, sobretudo, “pelo senti-
mento coletivo de profunda inquietação e o disseminado, ainda
que difuso, mal-estar que nesta quadra histórica a quase todos
vêm acometendo, praticamente em todos os estratos sociais”
(ALMEIDA; BUARQUE; NAVARRO, p. 07, 2017). Embora, ainda de
acordo com os autores, tal conjuntura não signifique que esteja-
mos em um “estado de crise”, cujo desfecho levaria a corrosão da
sociedade e suas estruturas. Sob um outro olhar:
[...] talvez “crise” não seja a melhor definição para os tempos
que vivemos. Que estes são tempos de ruptura, de passagem ou
de transição, não parece existir nenhuma dúvida a respeito.
Mas a evidência de uma autêntica crise social exigiria, pelo
menos, de um lado, o desfazimento de uma parte substantiva
do quadro institucional, associado, no outro lado, a um quadro
de reações sociais semipermanentes na esfera pública, o que
não tem ocorrido – pelo menos uma proporção que seja expres-
siva e reiterada. (ALMEIDA; BUARQUE; NAVARRO, p. 08, 2017).
A razão para tal diagnóstico encontra-se no funcionamento das
“instituições principais”, que deixaram de ser confundidas com os
indivíduos que as compõem. Entretanto, a maioria dos textos
publicados demonstram um sentimento de frustração com um
Brasil que poderia ter sido ou um Brasil que nunca chegou a ser.
Não é de se estranhar, portanto, que “os ensaios, em sua maioria,
são pessimistas em relação ao estado atual da sociedade brasileira,
e mesmo em relação ao futuro próximo”.
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Victor Augusto Ramos Missiato