Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 193

Para onde vamos? Victor Augusto Ramos Missiato N o dia 02 de abril de 2009, durante o encontro do G20, ocorrido em Londres, o então presidente norte-americano Barack Obama entoou as seguintes frases ao se encontrar informalmente com o então presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, antes de uma reunião de cúpula: “Esse é o cara... Eu adoro esse cara. Ele é o político mais popular da Terra”. Na virada para 2010, as notícias sobre a economia brasileira direcionavam- -se no mesmo sentido do entusiasmo de Obama. O crescimento pós-crise era vigoroso, sendo bem superior à expansão da econo- mia mundial, prevista pelo Fundo Monetário Internacional, que apostava em 3,1%. O Cristo Redentor decolava sob o título Brazil takes off, capa da conceituada revista britânica The Economist. No campo da propaganda, a empresa de whisky escocesa Johnnie Walker exaltava o crescimento do Brasil ao simbolizar o morro do Pão de Açúcar como “o gigante [que] não está mais adorme- cido”. Tratava-se de uma conjuntura em que a cidade do Rio de Janeiro fora a escolhida como uma das principais sedes da Copa do Mundo, que ocorreria em 2014, e como a principal sede das Olímpiadas, em 2016. A cidade carioca mais uma vez retratava o estado de espírito do povo brasileiro, que finalmente emergia ao universo dos países que bateriam a porta do desenvolvimento. Exatos quatro anos e dois meses depois do encontro de Lula com Obama, o Congresso Nacional, a Avenida Paulista, a Cande- lária carioca e os centros de diversas cidades, Brasil afora, encon- travam-se tomados por manifestantes descontentes com os rumos 191