Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 187

dio e mantém o país subjugado ao imperialismo estadunidense. No segundo ponto, abre-se caminho para analisar o regime polí- tico, entendendo que o Estado atende aos interesses dos latifun- diários, de uma burguesia independente e nacionalista e de uma burguesia ligada aos interesses imperialistas. Tal situação gera acordos e disputas, visto o grau de contradições contido nessa junção. Apresenta-se também o proletariado como elemento novo do arranjo político brasileiro. Em meio a um histórico e uma análise da conjuntura do governo Kubitscheck, o que se entende é que a democracia vai se instalando no país em movimentos de fluxo e refluxo, mas que “[...] o processo de democratização é uma tendência permanente”. Este, talvez, seja o item em que o aspecto democrático é posto no entendimento do jogo político com alguma centralidade e que deverá estar em toda e qualquer leitura de análise política pece- bista, a partir de então. Nos itens III e IV, há uma interessante vinculação entre a luta imperialista e a democracia. O imperialismo é o grande perigo, principalmente o estadunidense, que seria visto como o “centro da reação mundial”, mas que a correlação de forças se apresentava favorável ao socialismo e aos que estavam com a paz, além de caracterizar que as contradições entre o crescimento das forças produtivas nacionais e a pressão imperialista criavam condições para uma revolução “anti-imperialista, antifeudal, nacional e democrática”. O que se avistava era uma revolução nacional e democrática. A democracia aí pode aparecer como elemento de uma etapa revolucionária, mas o fato de ser posta no jogo político, como centro dessa dita etapa, não pode ser desprezado. A frente única é vista, já no item V, como a forma para alcan- çar o sucesso na formação de um governo de caráter nacionalista e democrático. Isso é importante, já que a experiência teria mostrado que as principais vitórias progressistas no país tinham vindo desse arranjo para a luta política. A importância era isolar o principal inimigo. Para que se formasse tal aliança, era impor- tante ter claros os interesses do proletariado e da burguesia. Após uma análise das classes e grupos sociais envolvidos e as condições mínimas para a participação dos comunistas, numa frente dessa natureza, são apontados os cinco objetivos comuns dessa frente: 1º) política exterior independente e de paz; 2°) desenvolvimento independente e progressista da economia nacional; 3°) medidas de reforma agrária para as massas camponesas; 4°) elevação do nível Democracia e política de massas na Declaração de Março de 1958 185