Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 179

mia Brasileira de Letras, Rodolpho Vilanova e eu. Intitulado Memórias do cinema, o documentário foi lançado pela Fundação Astrojildo Pereira, em 2010, no quadro da série Brasileiros e Militantes. Ao revê-lo, poucos dias depois do seu falecimento, não pude deixar de me emocionar. Nelson foi diretor, roteirista, montador, ator e professor. Impossível escrever a história do cinema sem ele. Esteve sempre entre aqueles que souberam cruzar a linha imaginária que iluminam nossos caminhos de beleza. Um clássico eternamente atual. O artista é a sua obra? É preciso ou não estabelecer uma linha de demarcação entre o homem e aquilo que ele cria? Onde começa um e acaba o outro? Até que ponto, enfim, a arte é uma realidade à parte? Provavelmente, estas perguntas jamais serão respondidas. Ou terão respostas plenamente satisfatórias. Porém, uma coisa é certa: vida e obra se confundem a tal ponto na trajetória de Nelson Pereira dos Santos que eu não hesitaria em dizer que transformou sua própria existência no mais belo filme que poderia realizar. Artista fronteiriço, destes que combinam erudição e técnica popular, mestre absoluto da sua linguagem e do seu ofício, Nelson foi, ao lado de Oscar Niemeyer, Heitor Villa-Lobos, Celso Furtado, Milton Santos, Tom Jobim e Ferreira Gullar, um dos ícones da cultura brasileira ao redor do mundo. O mergulho que operou na alma nacional marcou como poucos a nossa cultura e dele já sentimos saudades desde já. O mais belo filme de Nelson Pereira dos Santos 177