mia Brasileira de Letras, Rodolpho Vilanova e eu. Intitulado
Memórias do cinema, o documentário foi lançado pela Fundação
Astrojildo Pereira, em 2010, no quadro da série Brasileiros e
Militantes. Ao revê-lo, poucos dias depois do seu falecimento,
não pude deixar de me emocionar.
Nelson foi diretor, roteirista, montador, ator e professor.
Impossível escrever a história do cinema sem ele. Esteve sempre
entre aqueles que souberam cruzar a linha imaginária que
iluminam nossos caminhos de beleza. Um clássico eternamente
atual. O artista é a sua obra? É preciso ou não estabelecer uma
linha de demarcação entre o homem e aquilo que ele cria? Onde
começa um e acaba o outro? Até que ponto, enfim, a arte é uma
realidade à parte? Provavelmente, estas perguntas jamais serão
respondidas. Ou terão respostas plenamente satisfatórias.
Porém, uma coisa é certa: vida e obra se confundem a tal ponto
na trajetória de Nelson Pereira dos Santos que eu não hesitaria
em dizer que transformou sua própria existência no mais belo
filme que poderia realizar.
Artista fronteiriço, destes que combinam erudição e técnica
popular, mestre absoluto da sua linguagem e do seu ofício, Nelson
foi, ao lado de Oscar Niemeyer, Heitor Villa-Lobos, Celso Furtado,
Milton Santos, Tom Jobim e Ferreira Gullar, um dos ícones da
cultura brasileira ao redor do mundo. O mergulho que operou na
alma nacional marcou como poucos a nossa cultura e dele já
sentimos saudades desde já.
O mais belo filme de Nelson Pereira dos Santos
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