Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 173

Marx e Armênio, três séculos em maio! Eros Roberto Grau E is de repente, aqui, o mês de maio e suas rosas. A uma delas – qual na canção de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy – ofereço meu coração. Ouço esta canção, agora, numa velha vitrola de discos de 78 rotações, lembrando-me de dois amigos. Ao me aproximar dos 80 anos – chegarei lá? –, dúvidas tomam conta de mim e o esquecimento, uma coisa terrível, me comove. Não que não me lembre disto ou daquilo, não. O esquecimento dos outros e pelos outros é que me entristece. No dia 27 de fevereiro passado, participei de um debate orga- nizado pelo Estadão cujo tema era “Modernizar a Constituição”. Ali pelas tantas, citei um trecho escrito por alguém no século 19: “Em um determinado estado do seu desenvolvimento, as forças materiais produtivas da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou – o que não constitui senão uma expressão jurídica delas – com as relações de propriedade no seio das quais vinham se movendo até então. De formas de desen- volvimento das forças produtivas que eram, essas relações se tornam entraves delas. Inicia-se então uma época de revolução social. A transformação da base econômica altera mais ou menos rapidamente toda a enorme superestrutura”. O auditório estava completo, cheio de gente atenta a escutar- nos, mas apenas duas pessoas se deram conta de que eu acabara de ler algumas linhas escritas por um velho alemão, o camarada Karl Marx, no prólogo da Contribuição à Crítica da Economia 171