Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 167

No final da década de 1980 se tornou notório que as comunidades evangélicas podiam desempenhar um papel protagonista nas contendas eleitorais . No caso da Colômbia , que coincide com a de outros países da região , a entrada dos evangélicos na arena eleitoral se explica fundamentalmente por três fatores . O primeiro deles foi o rápido crescimento deste movimento religioso em número de fiéis , que fez do voto evangélico um voto desejável para todos aqueles que aspiram a cargos de eleição popular . O segundo elemento consistiu em uma mudança na doutrina evangélica que permitiu aos líderes deste movimento religioso dessatanizar a política e legitimar sua atividade eleitoral . O terceiro fator foi a flexibilização dos marcos jurídicos para facilitar a participação de novos partidos na arena eleitoral . Na Colômbia , esta flexibilização esteve relacionada com a instalação da Assembleia Nacional Constituinte em 1991 .
Que sucede hoje na relação entre os setores evangélicos e as demandas sociais pela ampliação de direitos sexuais ? Qual foi a reação dos grupos evangélicos vinculados ao poder frente à nova onda de lutas feministas que tem lugar no continente ?
O movimento evangélico é antifeminista . Considera que , na ordem estabelecida por Deus , o homem está chamado a ser o líder natural tanto na família como nos diversos cargos de poder ( embora , paradoxalmente no seio do movimento evangélico muitas mulheres se empoderam e conseguem ascender a cargos de liderança ). Por outro lado , o movimento evangélico se opõe ao reconhecimento dos direitos da comunidade LGBTI . Considera , inclusive , que a promoção destes direitos através de programas educativos implica um risco para a sociedade : o risco do contágio ou da “ homossexualização ” das novas gerações . Esta oposição beligerante à promoção dos direitos das minorias sexuais se entronca com a de diversos espaços conservadores da sociedade que , além dos evangélicos , inclui a amplos setores dentro do catolicismo .
Diversos meios de comunicação tem mostrado este processo de aliança entre o evangelismo e os setores conservadores . Existem , porém , igrejas evangélicas mais afins com o progressismo ? Dentro da própria expressão religiosa , há outras modalidades de aproximação com a política ?
Evidentemente existem setores progressistas dentro do movimento evangélico . E deve diferenciar-se o movimento evangélico do grupo que se autodenomina de “ protestantismo histórico ”.
Os evangélicos e a políticana América Latina
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