Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 164

que emergiu com força de meteoro, busca conciliar avanço social e sistema de mercado. Por meio de reformas na estrutura buro- crática do Estado francês. Com impactos na ordem fiscal, sindi- cal e regulatória. O projeto Macron pode se tornar paradigma. Pode viabilizar- se como modelo contemporâneo de gestão política. Ou apenas constituir registro de mero fracasso. Na circunstância atual, o êxito do projeto Macron tem significado que vai além da fronteira dos Pirineus. Pode virar referência continental. O fato é que a globalização e a falta de reformas sociais ajudam a transformar a opinião pública de força evolucionária em força reacionária. Quanto mais as pessoas se sentem fracas e insegu- ras, no contexto de governança global ineficaz, mais extremada politicamente será sua reação. A questão política, que se põe no século XXI, não é mais entre direita e esquerda. É entre reforma e reação. Reformistas são os que trabalham por mais igualdade social no âmbito do sistema de mercado. São os que apoiam diversidade cultural no contexto de diferentes etnias. São os que defendem democracia com liberdade de imprensa. São os que investem em mediação social com regu- lação econômica. Reacionários são os que apostam no contrário. Estes são os valores da sociedade no século XXI: igualdade social, regulação econômica e liberdade política. Os parâmetros deste século passam por estes desafios: menos desigualdade entre as pessoas, mais proteção ao cidadão consumidor e mais segu- rança à informação de interesse público. Ou seja, nos próximos quarenta anos, esquerda e direita vão sumir do mapa. A sociedade vai se orientar no apoio a políticas de proteção ao emprego, de prestação eficiente de serviços ao cidadão e de exercício da liberdade individual. Esta é a direção seguida recentemente pelos movimentos sociais. E pelo voto, dado à direita e à esquerda, nas eleições realizadas na Europa e nas Américas. 162 Luiz Otavio Cavalcanti