que emergiu com força de meteoro, busca conciliar avanço social
e sistema de mercado. Por meio de reformas na estrutura buro-
crática do Estado francês. Com impactos na ordem fiscal, sindi-
cal e regulatória.
O projeto Macron pode se tornar paradigma. Pode viabilizar-
se como modelo contemporâneo de gestão política. Ou apenas
constituir registro de mero fracasso. Na circunstância atual, o
êxito do projeto Macron tem significado que vai além da fronteira
dos Pirineus. Pode virar referência continental.
O fato é que a globalização e a falta de reformas sociais ajudam
a transformar a opinião pública de força evolucionária em força
reacionária. Quanto mais as pessoas se sentem fracas e insegu-
ras, no contexto de governança global ineficaz, mais extremada
politicamente será sua reação.
A questão política, que se põe no século XXI, não é mais entre
direita e esquerda. É entre reforma e reação. Reformistas são os
que trabalham por mais igualdade social no âmbito do sistema de
mercado. São os que apoiam diversidade cultural no contexto de
diferentes etnias. São os que defendem democracia com liberdade
de imprensa. São os que investem em mediação social com regu-
lação econômica. Reacionários são os que apostam no contrário.
Estes são os valores da sociedade no século XXI: igualdade
social, regulação econômica e liberdade política. Os parâmetros
deste século passam por estes desafios: menos desigualdade entre
as pessoas, mais proteção ao cidadão consumidor e mais segu-
rança à informação de interesse público.
Ou seja, nos próximos quarenta anos, esquerda e direita vão
sumir do mapa. A sociedade vai se orientar no apoio a políticas de
proteção ao emprego, de prestação eficiente de serviços ao cidadão
e de exercício da liberdade individual.
Esta é a direção seguida recentemente pelos movimentos
sociais. E pelo voto, dado à direita e à esquerda, nas eleições
realizadas na Europa e nas Américas.
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Luiz Otavio Cavalcanti