Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 161

Breve história do risco Luiz Otavio Cavalcanti O fenômeno Trump não é um fato isolado. Representa a sequência de eventos com o mesmo corte. Veja: a candi- data da extrema direita, na França, Marine Le Pen, foi fina- lista no segundo turno na eleição presidencial francesa. O primeiro ministro italiano, Mateo Renzi, teve as reformas bloqueadas pelo Parlamento. O Reino Unido pediu para sair da União Europeia, pressionado pelo voto das cidades menores. A extrema direita alemã alcançou quantidade de votos nas últimas eleições impondo sua presença na coalizão do governo Ângela Merkel. O conjunto destes acontecimentos sugere nova clivagem na análise do cenário político. Já não se trata mais de situar os fatos segundo uma ótica de esquerda e direita. Mas trata-se de encarar o século XXI como o espaço onde se desenrola embate entre vencedo- res e perdedores da globalização. Já não se lida com a disputa entre capitalismo e comunismo. O que interessa agora é quem vai salvar meu emprego, minha qualidade de vida, na economia globalizada. Claramente, as bases sociais da esquerda e da direita sofre- ram alterações. Não se configura exclusividade de votos do prole- tariado. Há incorporação de setores da nova classe média, de um lado e de outro. E que setores são estes? Setores que se dirigem tanto para a esquerda quanto para a direita. São perdedores da globalização. São trabalhadores de setores tradicionais, menos competitivos e menos abertos à economia global. 159