Partido dos Trabalhadores volta às suas origens, tratando as
instituições vigentes e ordens judiciais sob uma lógica de assem-
bleia de sindicato, como nos velhos tempos de São Bernardo do
Campo, resultando no isolamento que escancara seu próprio
ocaso, enquanto força política expressiva na vida nacional.
Não estamos mais falando de um país dividido. Reconheço a
importância histórica da prisão de Lula diante de um Brasil tão
estarrecido quanto esperançoso por respostas. Tudo indica que
o próximo passo deve ser a aceleração das apurações, nos diver-
sos processos e inquéritos em que estão atolados o ex-presidente
e seu entorno, especialmente as lideranças de outras agremia-
ções partidárias.
Avançam a aprovação de mudanças na legislação penal e o fim
do foro privilegiado, tal como existe hoje, por pressão da socie-
dade e iniciativas do Supremo Tribunal Federal, que já produzi-
ram projetos em tramitação no Congresso (PECs).
Paradoxalmente, o impacto deste fato histórico no cenário
político e nos sentimentos de toda a população brasileira – emana-
dos dos perfis das plataformas digitais em tempos de profundas
transformações –, nos mostram novos caminhos.
Não se passa um país a limpo sem que se coloque o dedo na
ferida. O Brasil depende fundamentalmente disto para o seu
desenvolvimento em todos os aspectos. Apesar de tudo, não esta-
mos órfãos e, pelo menos, não vimos desabar nossas aspirações
pela busca de um futuro melhor.
Tudo isso me faz pensar na temática da identidade nacional.
Sobre este tema, cujas pesquisas têm sido cada vez mais recor-
rentes nos meios acadêmicos nacionais e internacionais, vale
trazer da memória a atualidade do grande escritor Mário de
Andrade. O autor do romance Macunaíma aposta numa ideia de
Brasil como unidade composta de diversidades, levando em consi-
deração a contribuição de diversos setores da sociedade.
Surge a necessidade pungente da volta de uma inteligência
nacional, expressa em um projeto que reagrupe em seu seio diver-
sas correntes conexas e que se torne o agente de progresso social
que a sociedade brasileira tanto reclama.
Conclui-se que este momento é emblemático: trata-se de uma
oportunidade excepcional para a emancipação e, porque não
dizer, para o resgate da vida, da alegria e da vontade de mudar as
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Roberto Freire