Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 139

mente as linhas gerais em torno do conceito mais difundido de nacionalismo para , em seguida , buscar apreender a aceitação ( ou não ) desse modelo pelas elites políticas brasileiras , nomeadamente por deputados da primeira Constituinte do Brasil ( 1823 ).
Breve percurso do conceito de nacionalismo
Uma das visões mais difundidas sobre o nacionalismo é a de Ernest Gellner ( 2000 ). O autor explicita o que vai chamar justamente de “ modelo ” ( p . 108 ), que nada mais é do que a passagem , possibilitada pelo surgimento do Estado nação , da “ sociedade agroletrada ” para a “ sociedade industrial avançada ”. A primeira baseia-se economicamente na agricultura , onde não há a intenção de controlar a natureza a fim de aumentar a produção , de forma que a cultura letrada será o fator de diferenciação social . Como a cultura assim concebida é desagregadora e gera distanciamentos , não há que se pensar em “ nação ” tal como conhecemos hoje , uma vez que não há o compartilhamento de uma cultura comum ( nacional ) entre os indivíduos ( p . 108-114 ). Por sua vez , a sociedade industrial pauta-se na “ inovação sustentada e contínua e num crescimento exponencial dos recursos produtivos e da produção ” ( p . 114 ), gerando diferenciação social de ordem econômica e não mais cultural . Ao mesmo tempo , há a “ introdução de um sistema educacional de massas e um código cultural popular disseminado pelos meios de comunicação ” ( NASCIMENTO , 2003 , p . 36 ) por parte do Estado central , “ único órgão capaz de executar , supervisionar ou proteger essa operação ” ( GELLNER , 2000 , p . 119 ) de homogeneização cultural . Na visão de Gellner , portanto , para cada cultura homogênea ( nação ) corresponde um Estado , e para cada Estado , uma cultura .
Em seguida , o autor desenvolve o “ caminho ” que as nações em formação deveriam percorrer , intrinsicamente ligado à modernização , industrialização e urbanização . Tais elementos propiciam a formação de uma burocracia nacional e a consolidação do poder das elites políticas , que necessariamente precisam impor esse poder em um determinado território , ligado por uma cultura comum que somente o nacionalismo poderia engendrar . ( NASCIMENTO , 2003 , p . 36 ).
Por sua vez , Benedict Anderson ( 1991 ) propõe uma nova dimensão – também explorada por Habermas ( 2000 ) –, bastante inovadora nos estudos sobre nacionalismo , que prioriza uma
Quem vai ser brasileiro ?
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