Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 135

estatal e da organização burocrática, organizou o nacionalismo brasileiro, estabelecendo os limites do que deveria ser “padroni- zado” nacional ou não. Lauerhass ressalta que um dos objetivos do plano político de Vargas era trabalhar para o progresso da sociedade e isso signifi- caria desenvolver a indústria nacional e gerar desenvolvimento econômico, elemento que Gellner diz constituir o sustentáculo da sociedade industrial avançada, ao lado do nacionalismo que esta- ria em uma segunda posição em importância. Na extensão da teoria de Gellner, são apresentados os cinco estágios de transição de uma sociedade agroletrada para uma sociedade industrial avançada; no entanto, o quadro brasileiro não se encaixa à esque- mática apresentada. Desta forma, é importante analisar o caso específico brasileiro sob outro ponto de vista, por intermédio de uma análise mais subjetiva, pensar como esse projeto político foi assimilado ao corpo social, ao criar a ideia de “ser brasileiro”. Miroslav Hroch desenvolve uma teoria do nacionalismo que busca analisar o processo de transformação de um movimento nacionalista à consolidação de uma nação. O estudo de Hroch considera a existência de três fases do nacionalismo. A primeira seria o período de maturação intelectual, no qual “as energias dos ativistas estariam devotadas acima de tudo à investigação acadêmica e à disseminação da consciência linguística, cultu- ral, social e, às vezes, atributos históricos do grupo não domi- nante” (HROCH, 2012, p. 83), a qual é denominada de Fase A. A segunda fase, Fase B, é entendida, por Hroch, como o momento no qual existe o despertar de uma consciência nacional por meio de uma agitação patriótica. Por fim, a terceira fase, Fase C, destaca-se pela consolidação da identidade nacional, um momento em que movimento se transforma em um movimento de massas e atinge a totalidade da estrutura social. No caso brasileiro, pode-se dizer que a Fase A se faz presente até 1922, pois a ideia de nacionalismo era, praticamente, restrita ao intelectualismo até aquela época. O advento do modernismo representa a transição para a Fase B, quando esse movimento objetiva fortalecer a agitação patriótica; por isso, as tendências modernas, supracitadas, apresentaram-se com suas respectivas ideias de como a identidade nacional brasileira deveria ser moldada. Esse período é marcado por movimentos sociais parale- los, entre os quais se destaca o tenentismo, cujo nascimento, também, ocorreu na década de 1920 e foi bastante importante A consolidação da identidade nacional brasileira: um projeto político 133