Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 131

A consolidação da identidade nacional brasileira: um projeto político Matheus Martins Ferreira O estudo da identidade nacional brasileira está inserido no contexto de formação cultural da sociedade, na qual o desenvolvimento de um imaginário corrobora para a defi- nição dos padrões sociais. A consolidação deste imaginário ocor- reu com a ascensão de Getúlio Vargas, que liderou um projeto de desenvolvimento nacional, em que o estabelecimento da identi- dade nacional se realizou como parte de um projeto político, com o objetivo de viabilizar a assimilação de um ideário nacional ao corpo social. O presente artigo busca elucidar as bases de cons- tituição do imaginário brasileiro, buscando respostas em teorias do nacionalismo. Em 1822, o Brasil torna-se independente e estabelece-se como um Estado soberano; no entanto, as pessoas que viviam em terras brasileiras eram muito mais ligadas às identidades regionais, “ser baiano”, “ser paulista”, do que a uma identidade nacional, que, quando era considerada, era atrelada ao “ser português”, portu- guês da metrópole ou do Brasil, uma concepção ampliada. A cultura geral era portuguesa, uma vez que a metrópole era o ponto de referência, e, em diferentes regiões, as culturas mescla- vam-se, de modo que criavam identidades regionalizadas (JANCSÓ; PIMENTA, 1999, p. 130). Dessa forma, diversas micro- nações eram constituídas pelo território brasileiro. O conceito de nação, para Benedict Anderson, advém de uma perspectiva classificada por ele como antropológica: “é uma comu- nidade política imaginada – e que é imaginada ao mesmo tempo como intrinsecamente limitada e soberana” (ANDERSON, 1991, p. 25). Como justificativa de sua proposta conceitual, Anderson entende que as comunidades devem ser distintas pela forma como são imaginadas, criadas, e não pelo que existe de genuíno ou de falso. A limitação está no fato de que a nacionalidade possui fron- teiras finitas. A soberania, por sua vez, está associada à ideia de liberdade, conquistada após a queda da legitimidade do reino dinástico e hierárquico e de ordem divina; portanto, Anderson acredita que a nação é imaginada, na medida em que se constitui 129