Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 118

que vivem em lares que compõem os 25% com menor renda fami­ liar, 11,7% não frequentam a pré-escola. Na camada dos 25% mais ricos, o percentual cai para 3,7%. Os dados são da Pesquisa Nacio­nal por Amostra de Domicílios de 2015. As crianças de famílias mais vulneráveis também são aque- las que encontram mais dificuldades no processo de alfabetiza- ção. No Brasil como um todo, 54,7% das crianças no 3° ano do ensino fundamental – ou seja, na faixa dos 8 e 9 anos – não apresentam proficiência suficiente em leitura, segundo a última edição da Avaliação Nacional da Alfa­betização (ANA). O Distrito Federal, por sua vez, encontra-se em situação um pouco mais favorável, mas, ainda assim, bastante grave: 44,5% dos alunos do 3° ano do ensino funda­mental da rede pública não atingiram o nível adequado para a série, de acordo com escala do próprio Ministério da Educação. É sabido que dados de aprendizagem co­mo os antes descritos geram um efeito cas­cata nas séries subsequentes. Isto porque, sem alfabetização na idade correta, todo o processo de aprendiza- gem posterior fica comprometido. Sem a compreensão de um texto, sem a capacidade de se expressar pela escrita, a progressão não acontece. Ou seja, o Brasil está negando a essas crianças o di­reito básico à educação e comprometendo o futuro delas e, consequentemente, o da na­ção. Basta olharmos o percentual de alunos que conclui o Ensino Médio com aprendiza­gem adequada em matemática: 7%. Dar maior centralidade política à educa­ção, no entanto, não se traduz, apenas, em uma agenda de investimentos ou em discur­ sos durante a campanha. A priorização polí­t ica da educação está, por exemplo, muito mais relacionada ao esforço dos governantes em blindar a Educação dos mais diversos ti­pos de ingerência polí- tica e de clientelismos, estruturar equipes de gestão de alta quali- da­de técnica, exigir a implantação de medidas que possam, de fato, melhorar a aprendizagem dos alunos e dar respaldo e força política à medida que resistências (naturais) sur­gem, a partir da introdução de uma agenda de mudanças necessárias para rever- ter o cenário calamitoso anteriormente descrito. Neste sentido, é fundamental que nesse período de eleições que se aproxima demandemos mais dos postulantes à Presidência e aos governos estaduais sobre suas intenções para a área da educação. É preciso ir além da retórica de que a educação será 116 Olavo Nogueira Filho