Editorial
E
ntramos em um novo ano e, no seu segundo quadrimestre,
já se evidenciam, ampliando-se, os aspectos determinan-
tes das preocupações dos brasileiros no enfrentamento dos
problemas-chaves que envolvem o país, evidenciados ainda mais
com a chamada “greve dos caminhoneiros”.
Vivemos um processo de desigualdade e desagregação social
inéditas, caracterizado não apenas pela persistência da pobreza e
da concentração de renda, tanto social quanto regional, mas
também por uma violência urbana generalizada, que não acon-
tece apenas no Rio de Janeiro, mas em praticamente todas as
capitais e principais cidades brasileiras (mata-se mais gente entre
nós do que em países envolvidos em guerra), sem falar no descré-
dito da política, na instabilidade jurídica, no meio ambiente
degradado e muita coisa mais.
Esta dramática situação é por nós vivenciada e precisamos
agir para alterá-la dentro das condições existentes e das perspec-
tivas não muito alvissareiras, porém tudo seguindo o caminho da
democracia e sem querer desviá-lo.
Sofremos a triste realidade de um tempo em que ocorre uma
profunda revolução tecnológica no mundo, o Brasil tende a ingres-
sar no seu terceiro centenário, com educação precária e desigual,
com baixa capacidade para criação do conhecimento, da ciência e
da tecnologia, baixa produtividade, falta de competitividade e
inovação. Um país sem unidade no presente e sem sintonia com o
futuro da humanidade.
Se esta situação perdurar por mais algumas décadas, além das
dramáticas consequências da desagregação social, o país ficará
para trás no cenário das transformações que ocorrem no mundo.
Não se trata apenas de estarmos subordinados a uma econo-
mia pobre em avanços científicos e tecnológicos e tendo como
força principal a produção do agronegócio que é exportada sob a
forma paracolonial de commodities. Nem muito menos de uma