em massa dos poucos bons quadros do Ministério da Pesca que
trabalhavam em cargos de confiança, sob contratos precários.
Há quatro anos, não se emite uma carteira de pescador profissio-
nal e a criada Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca – Seapa/
PR não mereceu do Governo um decreto que a regulamente.
Disputada pelo ministro da Agricultura com o partido político
do bispo Crivella, a autoridade sobre a aquicultura e pesca não
tem voz para se manifestar, enquanto o MMA e ICMBio aceleram
a criação de parques marinhos que impedem a pesca do atum no
Nordeste e lacram áreas tradicionais de captura de pescado em
frente ao Estado do Espírito Santo que terão, como resultado, a
proteção de estoques de grandes migradores para benefício dos
europeus que os capturam no Atlântico Norte, na África e no
Mediterrâneo sob cotas, fazendo lembrar as ações da Coroa portu-
guesa no século XVII.
Apesar de todos os percalços, a produção pesqueira mundial é
crescente, principalmente na aquicultura e, em face disso, o
Brasil está “condenado”, pelas suas excelentes condições endofo-
climáticas, a se tornar um grande player internacional no setor.
A expectativa para o camarão marinho de cultivo é de voltar,
já a partir deste ano de 2018, a crescer a taxas entre 10 e 12% ao
ano, ultrapassando as 100 mil toneladas, em 2019, para voltar ao
mercado internacional. Atividade desenvolvida principalmente no
Nordeste, ela utiliza áreas de apicuns e salgados, quando prati-
cada no litoral, mas invade o sertão do Ceará e da Paraíba,
servindo-se de águas oligoalinas (salobras), que são inservíveis
para a dessedentação humana e animal. Em 2016, o mercado
mundial de camarões marinhos de cultivo gerou 21,17 bilhões de
dólares aos cinco principais países produtores: Vietnã (US$ 3,9
bilhões), Índia (US$ 3,7 bilhões), China (US$ 2,5 bilhões), Equa-
dor (2,46 bilhões) e Tailândia (US$ 2,0 bilhões). Curioso notar que
a China é também o segundo maior importador de camarões
marinhos de cultivo, com os Estados Unidos, em primeiro lugar,
sendo de considerar que, na Índia, só se produz para exportação
já que, por questões religiosas, o consumo interno é irrelevante.
Na piscicultura, ainda que não haja estatística oficial, os
investimentos e a produção crescem de forma profissional e
sustentada em muitos Estados, com destaque para Paraná, São
Paulo, Mato Grosso, Bahia, Ceará, Rondônia, Amazonas e Pará.
Em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, a maricultura com ostras,
A produção de pescado no Brasil e as oportunidades perdidas
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