Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 104

ambiente . “ Coisa de bandido ” no dizer de uma autoridade com quem conversei , à época .
Como consequência , tornamo-nos grande importador de pescado : merluza argentina de baixa qualidade , atum equatoriano e peruano , bacalhau norueguês e sardinha marroquina para abastecer a nossa indústria de conserva , e muito mais .
Nesse período , foi gerada , por dirigentes do Ibama , uma modalidade de gestão pesqueira que se denominou “ gestão compartilhada ”, cujo resultado prático foi impedir novos investimentos e gerar uma tão nebulosa burocracia nos procedimentos que afastassem qualquer tentativa de desenvolvimento , até atingirmos , no Governo Lula , a marca de um bilhão de dólares em importação de pescado .
A chegada do um novo Governo em 2003 , e a criação da Secretaria Especial de Pesca ( Seap ), depois transformada em Ministério da Pesca e Aquicultura ( MPA ), trouxe a esperança de que o processo criado , mesmo timidamente com o DPA , pudesse ser fortalecido e a sociedade voltasse a ver na atividade pesqueira uma fonte de investimentos na produção de empregos seguros e alimentos saudáveis . Não foi o que ocorreu . Não foi o desenvolvimento da pesca que motivou o governo e sim o aprisionamento dos pescadores , no clientelismo social , como fonte de fortalecimento dos aliados políticos .
Em 2014 , já importávamos US $ 1,4 bilhão em pescado . O Brasil gastou durante os 13 anos de governo do PT , R $ 17 bilhões com seguro defeso , sem que todo este montante ( que daria para fundar um sistema forte , rico e sustentável ) agregasse qualquer benefício econômico , social ou tecnológico a um único pescador . O “ sonho ” acabou melancolicamente , em 2015 , com a invasão do edifício-sede do MPA , pela Polícia Federal , que prendeu lideranças de pescadores , de empresários e de servidores , numa operação que levou ao fim o Ministério pelo qual tantos brasileiros lutaram , durante quase vinte anos .
Incorporado ao Ministério da Agricultura , com a criação de uma Secretaria de Aquicultura e Pesca , mas sem se libertar da falta crônica de compromisso com o desenvolvimento , o órgão pesqueiro teve seu acervo técnico destruído e seu patrimônio físico pilhado pela então ministra da Agricultura , que distribuiu mobiliário e equipamentos entre seus preferidos . Isso não é nada diante do desmanche sofrido no campo técnico e científico , com a dispensa
102 Sérgio Pinho