rados, chernes, tainhas, curvinas, tambaquis, pirarucus, matrin-
chãs etc. É natural que qualquer país trataria com deferência este
presente da natureza.
Com a criação dos centros de pesquisa em piscicultura na
Sudepe, DNocs e Codevasf, e em carcinicultura, na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, a aquicultura ganhou impulso, e
a conquista de pacotes tecnológicos para o manejo dos animais
transformou a atividade em negócio com investimentos privados
em vários estados.
A história brasileira com a produção de pescado, no entanto,
começou com as Capitanias Hereditárias, em 1534, quando Pero
de Campo Tourinho, donatário da Capitania de Porto Seguro,
trouxe entre seus 600 colonos, principalmente pescadores de
bacalhau, que trabalhavam na frota pesqueira de sua família.
Aqui, a atividade prosperou e, por volta de 1540, a pesca de
garoupa, realizada no Arquipélago dos Abrolhos, salgada, enviada
ao Reino e vendida na Europa, era a principal fonte de renda da
Capitania. Nos cem anos que se seguiram, essa atividade disse-
minou-se, nas várias regiões, com a produção, dentre outros, do
óleo de baleia, muito utilizado para a iluminação de palácios e
residência de abastados, por produzir pouca fumaça.
Com a criação da Companhia Geral do Estado do Brasil, em
1646, que detinha o monopólio do comercio dos produtos colo-
niais na Metrópole e dos produtos metropolitanos na Colônia
(azeite, vinho, farinha de trigo e bacalhau), foram tomadas, para
o Brasil, algumas medidas restritivas à produção, dentre elas o
desestímulo à pesca. Por incrível que possa parecer, a justificativa
à época já foi a proteção ambiental. Ficou mantida, no entanto, a
produção de óleo de baleia.
No turbilhão das acusações de corrupção e improdutividade
que assolou a segunda metade do Governo Sarney, o ente gover-
namental pesqueiro foi extinto para a criação do Ibama que
fundiu a Sudepe, a Sedhevea e o IBDF, em 1989.
Com o fim da Sudepe, as competências governamentais relati-
vas ao setor pesqueiro foram distribuídas entre vários órgãos,
num cenário de disputa de poder que praticamente inviabilizou a
produção pesqueira nacional. Navegando na onda internacional
de proteção ambiental, na qual os países produtores surfaram
com desenvoltura para proteger seus interesses, o Brasil destruiu
sua indústria de produção de pescado com suspensão de crédito,
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Sérgio Pinho