Dinheiro | Page 9

AS GARRAS DA DÍVIDA empréstimos escolares, despesas médicas e gastos operacionais básicos aumentam rapidamente. Eventos trágicos ou catastróficos podem arruinar décadas de investimentos inteligentes. A Bíblia nos assegura que tesouros terrestres podem ser perdidos repentinamente. A dívida pode apoderar-se rapidamente de velhos ou jovens, solteiros ou casados, e até de sábios e tolos. A viúva em 2 Reis 4, enlutada de seu marido, que temia a Deus, foi encontrada em circunstâncias muito difíceis. O prazo se findou, e o credor veio cobrar, e ele não iria embora de mãos vazias. Dívidas podem forçar as pessoas a fazer qualquer coisa para amenizar ou reduzir o débito. Para ela, a perda era inimaginável – perder seus filhos para a escravidão. A pressão era, certamente, insuportável. Mas foi o seu clamor que deu início ao capítulo, e foi esse clamor que chegou a Eliseu. Ele respondeu com um plano consistente, se valendo do que ela tinha disponível para quitar a dívida. De uma botija de azeite, que Deus milagrosamente preservou, ela encheu muitos outros vasos vazios. Vendendo esse estoque abundante, o profeta lhe disse para pagar sua dívida e viver do resto. Deus providenciou o azeite, e ela e seus filhos o distribuíram nos vasos. Trabalhando em conjunto, a família foi preservada. Embora não fosse um empréstimo comum, Jacó certamente conhecia o peso, as obrigações e a carga emocional de liquidar dívidas. Depois de sair de casa e se apaixonar, Jacó estava disposto e confiante em "pagar adiantado", trabalhando sete anos antes de receber a sua noiva e se casar. Mas então ele foi enganado quando Labão trocou as filhas sob o véu do casamento. Para lucrar mais do amor de Jacó por Raquel, Labão entregou sim a filha mais nova, mas o obrigou a outros sete anos de labor. Dessa vez, Jacó estava pagando depois de possuir, e sentiu a frustração e o fardo de dever tempo e trabalho à outra pessoa. Labão também era um credor traiçoeiro que, segundo Jacó contou para suas esposas, lhe "enganou e mudou o salário dez vezes" (Gênesis 31:7). Jacó parecia se lembrar de todos os dias e longas noites, e relatou com detalhes expressivos a exaustiva labuta e a responsabilidade pesadíssima que sentia ao trabalhar para "saldar" sua dívida, que ainda continha taxas aparentemente ocultas e variáveis. Jacó foi astuto em enganar sua família para receber as bênçãos, mas agora cumpria obedientemente os catorze anos completos pelas filhas de Labão, mais seis pelo rebanho. Ao final, ele apreciou que Deus estava com ele em tudo isso e que "Deus atendeu à minha aflição e ao trabalho das minhas mãos" (Gênesis 31:42). Alguns podem simpatizar com o jovem em 2 Reis 6. Aqui, estava um outro profeta fiel trabalhando com outros para expandir a sua residência. Enquanto cortava uma árvore perto do rio Jordão, que era propenso a inundações, a cabeça do machado que ele estava usando caiu na água e se perdeu. O profeta trabalhador, que procurou ajudar com ferramentas emprestadas, sentiu o peso instantâneo e a ansiedade da perda irrecuperável. Sua exclamação: "Ai! Meu senhor! Porque era emprestado" (v. 5), expressou o clamor do coração de quem acabara de perceber que possuía uma dívida e uma obrigação para com o credor. Mais uma vez, Eliseu respondeu a esse clamor, e o ferro do machado, milagrosamente, nadou e foi recuperado. Nos três exemplos, a mão de Deus e a mão do homem são vistas trabalhando para recuperar os prejuízos. Muitos sentem o sufoco das garras da dívida hoje. E, enquanto as causas podem variar, Deus ouve o desespero da viúva e conhece a situação difícil, o apuro do trabalhador. O mesmo homem que escreveu: "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros" (Romanos 13:8), ofereceu-se para pagar as dívidas, ainda que de furto, que o outrora escravo, Onésimo, devesse a Filemom. A única dívida perpétua que Paulo prevê para os crentes é o amor, que deve ser pago continuamente um ao outro. 9