Revista Sindesp-RJ Revista Segurança Privada Edição Março 2019 | Page 19
OPINIÃO
O Brasil da modernidade
contra o Brasil do atraso
José Leandro Zigoni
R
etrocesso. Esta parece ser a pala-
vra mágica do momento, usada
para desmerecer qualquer proposta
que vise acabar ou impor algum limite
em determinadas situações, por mais
absurdas que estas sejam. Basta
pronunciá-la e logo você se vê cercado
por um grupo de pessoas que o apoia
sem mesmo saber bem do que se trata,
simplesmente por não aceitarem mu-
danças no “status quo” que o beneficia.
Sendo assim, sempre sob o pretex-
to de que representa um “retrocesso”,
qualquer proposta de mudança apre-
sentada hoje no Brasil dá origem a um
verdadeiro duelo.
Exemplos claros disso são as refor-
mas Trabalhista (aprovada com décadas
de atraso e mesmo assim muito menos
abrangente do que deveria) e da Previ-
dência Social que tramita no Congresso
Nacional em meio a muitas polêmicas e
discussões nas ruas de todo o País.
As pessoas não se preocupam mais
em conhecer antes as proposta, discu-
ti-las, debatê-las ou analisá-las, par-
tindo direto para o confronto. Assim
sendo, espalham boatos e inventam
mentiras de modo a espalhar terror na
população como se o Governo estives-
se ali com o objetivo único de prejudi-
car o povo trabalhador.
É inegável que o Brasil
precisava da Reforma
Trabalhista, precisa da
Reforma da Previdência,
assim como das reformas
Tributária e Política
É inegável que o Brasil precisava da
Reforma Trabalhista, precisa da Refor-
ma da Previdência, assim como preci-
sa das reformas Tributária e Política
para voltar a crescer, desenvolver, se
modernizar, gerar empregos, distribuir
melhor a renda e acabar com as
distorções, injustiças e impunidades
impostas por uma legislação totalmen-
te arcaica e ultrapassada.
Sair às ruas exigindo a
manutenção de direitos
que hoje não têm mais
razão de existir é não
querer evoluir e nem
que o País se desenvolva
É preciso que a população tenha em
mente que as leis nascem do Direito,
que é uma ciência viva, que muda de
acordo com as transformações da so-
ciedade.
Não é possível que caiba na cabeça
de alguém que no mundo globalizado
como o que estamos vivemos hoje, o
Brasil deva assistir de braços cruzados
as rápidas mudanças e transformações
sociais, políticas e econômicas que vêm
ocorrendo nas últimas décadas em fun-
ção do avanço tecnológico.
Sair às ruas com faixas e cartazes
exigindo a manutenção de direitos que
foram de fundamental importância para
a construção da sociedade no passa-
do mas que hoje não têm mais razão
de existir é não querer evoluir. É não
querer que o País cresça e desenvol-
va. É querer ampliar ainda mais a dis-
tância que nos separa dos países de-
senvolvidos e o abismo social existen-
te em nosso País.
Não adianta bloquear ruas e preju-
dicar a vida de milhares de trabalhado-
res, espalhar mentiras e terror pelas re-
des sociais, xingar o presidente da Re-
pública e seus ministros porque o mun-
do vai continuar evoluindo independen-
temente da nossa vontade. E o preço
do atraso é caro demais.
Por mais romântico, poético e sau-
dosista que sejamos, não vamos pas-
sar o ridículo de sair às ruas vestidos
com roupas coloridas, cabelos com-
pridos, um livro de Karl Marx embai-
xo do braço, os dedos em “V” e pre-
gando paz e amor, enquanto a onda
da modernidade nos engole.
Afinal, como bem disse o saudoso
e admirável compositor Belchior na
música “Velha roupa colorida”, uma de
suas antológicas canções:
“O passado é uma roupa que não
nos serve mais”.
José Leandro Zigoni
1 o
Vice-Presidente do SINDESP-RJ
REVISTA SEGURANÇA PRIVADA
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