Revista Sindesp-RJ Revista Segurança Privada Edição Março 2019 | Page 15
ENTREVISTA
FREDERICO CAMARA PREVÊ
UM ANO DE BOAS PERSPECTIVAS
Mergulhado numa grave crise econômica e instabilidade política,
o Brasil viveu nos últimos três anos o pior momento de sua história.
Mas, os resultados das últimas eleições fizeram brilhar uma luz
no fim do túnel. De acordo com o presidente do SINDESP-RJ,
Frederico Camara, o cenário que se desenha é de esperança, o
otimismo voltou e as expectativas econômicas são das melhores.
Quais as suas expectativas com relação ao novo Governo?
As expectativas são das melhores. O atual Governo conta com
o apoio da população, montou uma boa equipe de ministros com
pessoas especializadas em cada área e não por indicações políti-
cas. Sendo assim, pode fazer as reformas que o País tanto precisa.
O Governo tem foco na Segurança Pública, nas privatizações,
no enxugamento da máquina administrativa e no ajuste fiscal.
Isso gera confiança, credibilidade e uma expectativa muito boa
no mercado, criando excelente ambiente de negócios que in-
centiva a classe empresarial brasileira. O otimismo vem daí?
- Há um sentimento de otimismo não só no meio empresarial
mas em toda a população como há muito não se via. Creio que se
houver de fato incentivo para o setor produtivo em todos os níveis
como a redução e, em alguns casos, até mesmo isenção de impos-
tos sobre produtos e serviços, haverá mais empregos e mais renda
para movimentar a economia. Isso pode ser conseguido através do
ajuste fiscal, das privatizações e da Reforma Tributária, tão neces-
sária quanto a Reforma da Previdência, que temos esperança que
o Governo Bolsonaro vai conseguir implementar com sucesso.
No caso específico da Segurança Privada existe a expecta-
tiva da aprovação do Estatuto do setor, que vai ser uma verda-
deira redenção para o segmento. O senhor acredita que a Segu-
rança Privada tende a crescer com a provação da nova lei?
- O Estatuto da Segurança Privada será de fato muito importan-
te para o setor e só não foi aprovado ainda em razão do momento
conturbado que vivemos. É lamentável o fato de nos últimos anos o
País ter andado meio sem rumo. O pior é que todas as vezes que as
expectativas começavam a melhorar estourava uma crise política e
tudo voltava à estaca zero. Em consequência, o mercado e a popu-
lação se retraíram temendo o que poderia acontecer. Mas o clima
agora é outro e estamos otimistas que ainda no primeiro semestre
deste ano o Estatuto seja aprovado.
O Brasil é um País que sempre atraiu os olhares dos inves-
tidores estrangeiros, porém, nos últimos anos esses investi-
mentos praticamente não existiram, pois com o Risco Brasil
em alta os investidores preferiram outros países. Com o novo
Governo o senhor acredita que esse quadro tende a mudar?
- Acredito que sim, pois o mercado externo já sinalizou nesse
sentido. Apesar de todas as dificuldades, temos que admitir que o
Governo Temer conseguiu realizar uma verdadeira proeza ao res-
taurar a economia dentro de um cenário totalmente adverso, pois
como carecia de apoio popular tudo se tornava mais difícil, princi-
palmente no campo econômico e dos investimentos externos, o que
poderá voltar acontecer agora. Os grandes escândalos de corrupção,
a violência aumentando de forma desenfreada, a baixa qualidade
do ensino, responsável pela falta de qualificação profissional de nos-
sos jovens, a dificuldade de controle dos gastos públicos e a péssi-
ma infraestrutura do nosso País
são os principais problemas que
afastam os investidores estrangeiros,
atormentam os nacionais e leva ao fecha-
mento várias empresas. Além disso, o gigantismo
do Estado, o grande déficit público e a forma exces-
sivamente paternalista com que os últimos governos tentaram re-
solver os problemas sociais atrapalharam o desenvolvimento da
Nação. Mas o novo Governo, no entanto, já demonstrou, pelo me-
nos em seus discursos, estar ciente desses problemas e disposto a
enfrenta-los de frente.
Ao que parece o senhor acredita, então, que o Brasil viverá
uma era de prosperidade nos próximos anos?
- Tudo indica que sim. O cenário está se desenhando dessa
forma e, caso não haja acidentes de percurso, poderemos sim vol-
tar a crescer. A tarefa, todos nós sabemos, não vai ser fácil, uma vez
que os lobbies e o corporativismo emperram as mudanças.
O senhor quer dizer que a grande resistência às reformas
pode atrapalhar os projetos do Governo?
- Pode sim. Mas o nível da água está subindo rapidamente e os
que hoje ainda estão com a cabeça para fora e conseguindo respi-
rar e se recusam a dar sua cota de sacrifício em favor de um País
melhor e mais justo, mais cedo ou mais tarde também vão ser cha-
mados para pagar a conta, queiram ou não. Como bem diz o presi-
dente Jair Bolsonaro, terão que escolher entre ter direitos ou ter
emprego; manter suas mordomias ou receber em dia; ter escolas,
hospitais em boas condições e funcionando ou continuar reivindi-
cando melhores salários. Resumindo: Ou todos os brasileiros, tra-
balhadores, empresários, funcionários públicos e políticos, aceitam
as reformas necessárias que têm de ser feitas e se adaptam à nova
realidade (que não é boa mas se cada um colaborar dando sua
parcela de sacrifício a tendência é melhorar) ou nos transformare-
mos numa nova Venezuela. Depois de tudo o que passamos nos
últimos anos, certamente esta é a nossa grande e última esperan-
ça. Mais do que nunca, desta vez o Brasil tem que dar certo!
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