Revista Sindesp-RJ Revista Segurança Privada Edição Março 2019 | Page 12
OPINIÃO
Restabelecer a autoridade
é o primeiro passo a ser dado
Aldair Neves Pinto Júnior
É
grande a expectativa de mudança
de todo povo brasileiro. Trabalha-
dores e empresários dos mais diversos
segmentos estão esperançosos de que
o novo Governo conseguirá recuperar
a nossa Economia e tomar medidas efi-
cazes no combate à violência. Para
tanto, a principal providência a ser to-
mada é restaurar a autoridade gover-
namental.
Vivemos hoje num País que atraves-
sa uma gravíssima crise de autorida-
de. A falta de respeito, origem de tan-
tos outros males, como a desordem, a
baderna e a violência, espalhou-se e
está hoje impregnada em todos os
agentes de socialização, a começar
pelo principal deles, que é a família. Os
pais perderam a autoridade sobre seus
filhos, que ditam regras e fazem o que
bem entendem. Leis e ONGs enfraque-
cem o pátrio poder, limitando as ações
daqueles que se preocupam com o fu-
turo de seus filhos.
O próprio papa Francisco foi dura-
mente criticado quando, em uma audi-
ência semanal devotada ao papel do
pai dentro da família, disse que “seria
permitido bater nos filhos para
discipliná-los, desde que a dignidade
das crianças não seja ameaçada”.
Mas, a hipocrisia de sempre não
perdoou nem mesmo o Sumo Pontífi-
ce e o atacou como se ele tivesse dito
alguma blasfêmia. Resultado: as crian-
ças estão cada vez mais rebeldes, cada
vez mais indisciplinadas, cada vez mais
atrevidas, cada vez mais sem limites
e, em consequência, tornando-se adul-
tos irresponsáveis, quando não enve-
redam pelos tristes caminhos das dro-
gas e da criminalidade.
E o que fazer então diante de tudo
isso. Creio que chegamos ao ponto que
só temos uma saída: o restabeleci-
mento da autoridade, que começa com
os pais dentro de casa. Impor (sim, eu
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REVISTA SEGURANÇA PRIVADA
disse impor) respeito aos filhos é o pri-
meiro passo. O que vemos hoje são
filhos tratando os pais de igual para
igual como se fossem colegas de rua.
Isso me faz lembrar o genial Millôr
Fernandes quando ensinou que “pais
e filhos não têm que ser amigos. Têm
que ser pais e filhos”. Não que essa
amizade não deva existir, mas que seja
baseada no respeito e na lembrança
constante de que ali estão pai e filho e
não dois coleguinhas de escola. Só
assim pode-se impor o respeito e a au-
toridade que se refletirão no trato com
os professores, as pessoas mais ve-
lhas e as autoridades policiais e gover-
namentais.
Portanto, é imprescindível e urgen-
te a restauração da autoridade daque-
les que têm a missão de governar, edu-
car, ensinar e estabelecer leis, regras
e limites para o desenvolvimento har-
monioso e respeitoso da sociedade.
Não pregamos a volta de uma ditadu-
ra, seja ela militar ou civil. Mas, sim, o
respeito às regras e às leis, sem as
quais nenhuma família sobrevive, que
dirá uma Nação.
Leis e ONGs
enfraquecem o pátrio
poder, limitando as
ações daqueles que
se preocupam com
o futuro dos filhos
A democracia é sem dúvida o me-
lhor dos sistemas governamentais, ou,
como bem disse o premier britânico
Winston Churchill: “A democracia não
é perfeita, mas ainda não inventaram
nenhum outro sistema de governo me-
lhor”. Só que não se pode ouvir a soci-
edade e todos os representantes de
classe a cada decisão. Para isso foi
criado o sistema eleitoral, onde o povo
delega aos políticos eleitos poderes
para representá-lo. Investidos desse
poder, os governantes decidem por ele.
Nem sempre o resultado é o que espe-
ramos, mas é a maneira que temos
para gerir politicamente o Estado.
É urgente a
restauração da
autoridade dos
que têm a missão de
governar, educar,
ensinar e criar leis
País de parcos recursos naturais, o
Japão não se tornou a potência que é
hoje por obra do acaso. Foi fruto da
educação, do respeito ao próximo e às
leis, da determinação, da ordem e da
disciplina. Não é por acaso, também,
que os melhores colégios brasileiros
são os religiosos e os militares, cujo di-
ferencial não está na qualidade dos pro-
fessores e dos alunos, mas, principal-
mente, na disciplina e no respeito exi-
gidos.
Por tudo isso, o restabelecimento da
ordem, da disciplina e da autoridade é
a mais urgente das prioridades dos
novos governantes, pois isso é a base
para todas as demais ações em qual-
quer área. Isto feito, com o Estado e a
população cada um cumprindo com
seus deveres e fazendo a sua parte,
podemos, sim, acreditar em dias me-
lhores para o nosso País.
Aldair Neves Pinto Júnior
1 o Diretor Financeiro do SINDESP-RJ