Revista Sesvesp Ed. 136 | Page 12

CENÁRIO POLÍTICO

Segundo Heni , apesar da baixa popularidade de Michel Temer durante todo o mandato e a rejeição à sua permanência na presidência da República , o fato de a economia ter ganhado uma projeção , ainda que tímida , ao longo deste ano de 2017 , serve como suporte para ele completar sua jornada no Palácio do Planalto .
“ Acredito que a melhoria da economia , a condição melhor que o país apresenta , ainda de forma discreta , ajuda a colocar isso na balança ( necessidade do impeachment ). Em meio ao tempo que falta , é certo que se pensa no tamanho do desgaste , do trauma de um novo impeachment no Brasil . São vários fatores colocados na balança e que precisam ser digeridos . É preciso ser franco , e hoje a própria classe econômica , empreendedora , produtiva , não quer uma instabilidade maior . E como já disse , ele terá que lidar com isso após sua saída da presidência ”, reforça .
Segundo analista político , Lula já é carta fora do baralho , nas próximas eleições .
O CENÁRIO EM 2018 PODE SER OTIMISTA ?
Uma grande incógnita marca o quadro eleitoral no próximo ano : o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será candidato ? Enquanto o jornal O Estado de S . Paulo afirma que contrariando o discurso oficial do PT de que não existe um plano B , o ex-prefeito da capital paulista , Fernando Haddad , é uma alternativa cada vez mais presente na disputa eleitoral , a Folha de S . Paulo mostra , em recente pesquisa do DataFolha , que mesmo vinculado a denúncias e delações da Lava Jato , Lula seria o vencedor em todos os cenários de disputa no 1 º e 2 º turnos , ainda que a mesma pesquisa reforce a grande rejeição ao seu nome .
De acordo com Ozi Cukier , a chance de Lula ser candidato é praticamente descartada , além de reforçar que a escolha de Haddad – mais do que uma convicção em uma possível vitória em 2018 – passa também por uma alternativa do PT para não desaparecer do cenário político brasileiro .
“ O fato de não ter o Lula como candidato em 2018 é algo que pesa para o PT . A opção pelo Haddad é o simples fato de o partido ter um nome para não sumir da cena política , de não perder a relevância e ainda assim manter um monopólio . Se isso não for realizado , o PT pode assinar que deixou de ser um grande partido . O Haddad , no momento , me parece a única figura possível para essa missão , apesar de não ver nele uma projeção suficiente para vencer a corrida eleitoral ”, informa .
Quem também pode se beneficiar com isso é Ciro Gomes , do PDT , partido do campo de esquerda , que herdaria parte dos votos de Lula e seria uma opção , também , para o eleitor petista . Em contrapartida , Marina Silva pode ser vítima de sua postura passiva durante o processo de impeachment de Dilma , ano passado .
“ Acho que a Marina não tem chance . Ela procurou jogar o corpo fora , tentou ficar de fora do impeachment , não tomou partido , e isso será explorado com muita força durante a campanha eleitoral , além de já ter mostrado que não consegue sustentar um patamar de atração por parte dos eleitores ”.
Segundo o cientista político , a campanha eleitoral , com novos nomes e a possível ausência de figurões , será “ diferente , atípica , onde ninguém está muito consolidado ”, o que pode gerar surpresas .
“ Hoje nós vemos uma fragmentação . Nenhum político , nenhum nome está consolidado , estabilizado . Os políticos tradicionais , pelo o que se mostra , não terão apelo . Não acredito em figurões
Foto : Agência Brasil vencendo , acho que eles serão rechaçados . Agora existe um apelo para os candidatos extremistas ”, cita Heni . “ O Jair Bolsonaro , por exemplo , deve ser visto como uma ameaça , um competidor e , dependendo do cenário , ele tem altas chances de surpreender . Acho que o João Doria , sendo candidato , também pode modificar um pouco essa perspectiva ”, completa .
Em relação à crise interna ventilada no PSDB , entre o atual governador de São Paulo , Geraldo Alckmin , e o prefeito Doria , Ozi Cukier acredita que o impasse será resolvido de forma diplomática , sem afetar o ambiente dentro do partido tucano . E também reforça que o desenho das futuras coligações e partidos pode ditar o rumo das eleições .
“ Para o PSDB é ruim essa disputa interna entre Alckmin e Doria . Acredito que o partido irá buscar um consenso entre ambos , para que sigam na coligação . A outra questão é quem será o real candidato . Esse é um capítulo complicado , pelo status político , pela forma de chegar ao nome do escolhido . Num contexto geral , é importante lembrar o desenho das coligações , até pelo tempo que poderão utilizar na televisão , o que é um fator influente na disputa eleitoral ”, salienta .
Por fim , Heni Ozi Cukier não descarta um cenário atípico , assim como foi a eleição para prefeito em São Paulo em 2016 . “ O que tem se visto é que a eleição do próximo ano tem uma tendência para outsiders , para quem corre por fora , assim como foi com Doria , que surgiu do nada e deslanchou de uma forma inesperada ”, finaliza . ■
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