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Nem tudo que implicitamente existe precisa ser tornado explícito. Uma
explicação cobre apenas aquelas partes do contexto da vida que podem ser tecnicamente
reconstruídas. A hipótese subjacente do meu empreendimento é uma proposição
metabiológica: o que chamamos de tecnologia repousa sobre a tentativa de repor os
sistemas biológicos e imunológicos sociais implícitos com sistemas imunológicos
sociais explícitos. Você precisa entender o que você quer repor melhor do que um mero
usuário entende. Se você deseja construir um protético, você tem de ser capaz de definir
a função do órgão a ser substituído mais precisamente do que se você usa o original.
Aqui, você se move da afirmação funcional real para o nível do geral e então volta para
o possível equivalente funcional. E você pode reconhecer os funcionalistas pelo fato de
que eles sempre fazem duas perguntas: em princípio, o que o sistema alcança nesta
forma atual? E, finalmente, o que poderia ser feito em vez disso?
Os arquitetos são muito bons nisso. Quando constroem uma residência
privada, perguntam: quais características este espaço privado deve ter? Do que ele
deve ser capaz? Ele é, acima de tudo, um espaço protetor, que proporciona alívio.
Como podemos representar isso com meios técnicos? Os arquitetos provavelmente
pensariam: “precisamos construir lugares fofinhos!”
E isso provavelmente não estaria muito longe do alvo. Se você perguntar o que
um lugar fofinho representa, então em termos de análise funcional você chega no
conceito de “primazia da atmosfera isolada”. E se você reconheceu a primazia de tal
atmosfera isolada, de fato a primazia da atmosfera per se, então os arquitetos podem
definitivamente inferir disso que não podem ter ideologias geométricas como seus
pontos de partida. Em vez disso, precisam pensar em termos de efeitos atmosféricos de
espaço.
Isso exige um forte ato de tradução. A intimidade é uma categoria
intersubjetiva que pode ser expressa, espacialmente, de muitas maneiras
diferentes.
Como eu disse, interpreto a subjetividade como um relacionamento espacial não
físico. As criaturas do tipo humano podem, através da existência conjunta, gerar o efeito
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 86/105]