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imaginar uma educação mais propícia ao desenvolvimento de um intelectual
politicamente engajado. Um autodescrito “bebê anticomunista de fralda vermelha” e
“um adolescente liberal da Guerra Fria”, Rorty aprendeu de seus pais trotskistas “que o
objetivo de ser humano era passar a vida lutando contra a injustiça social” (RORTY,
1998b, p. 58; 1999. p. 6). Acabado de sair de seu aniversário de quinze anos, Rorty
entrou para o programa de graduação projetado por Robert Hutchins na Universidade de
Chicago com o objetivo de encontrar um modo de, em uma frase que ele encontrou em
Yeats, “reter realidade e justiça em uma única visão” (idem, p. 7). Além de fazer curso
com Leo Strauss, ao lado de Allan Bloom, seu esforço de se tornar um platônico “não
foi desfeito”, embora ele tenha desenvolvido um forte interesse em filosofia política e
social (idem, p. 9). Depois de conseguir seu PhD em Yale e de um breve período de
treinamento no exército, Rorty conseguiu um cargo em Princeton, onde permaneceu até
1982. Enquanto aprendia como jogar o jogo da dominante filosofia analítica, com o
passar do tempo, um amplo treino em história da filosofia e uma ampla gama de hábitos
de leitura criaram um abismo crescente entre Rorty e seus colegas de departamento. Em
1983, aceitou uma cadeira na Universidade de Virgínia, onde permaneceu até se mudar
para o Departamento de Literatura Comparada de Stanford, em 1998. Em oito de junho
de 2007, Rorty faleceu de complicações de um câncer no pâncreas.
Os primeiros ensaios publicados por Rorty, nos anos 1960, versam sobre o que
ele descreve como questões “metafilosóficas” que são úteis para entender sua orientação
mais geral, inclusive a mudança de um registro metafilosófico para um político que
ocorre durante os anos 1980. Preocupado com o problema de como não cair em uma
justificativa não circular a respeito de “qualquer postura debatível sobre qualquer
questão importante”, ele gera três importantes percepções: não dispomos de pontos de
partida sem pressuposições; critérios mutuamente aceitos e neutros para resolver
desentendimentos não podem ser garantidos; qualquer postura está aberta para o que ele
chama de “redescrição” – o modo como cada posição pode e de fato redefine o critério
para o sucesso de se autolegitimar e desacreditar suas competidoras (VOPARIL &
BERNSTEIN, 2010, p. 12-13). O efeito cumulativo dessas percepções mina a assunção
filosófica tradicional de neutralidade absoluta junto com a possibilidade do imperativo
categórico que seria universalmente obrigatório para todos.
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 79/85]