Revista Redescrições | Page 76

76 Com o tempo, restará educadores que perdem o efeito de "suas" ações, pois, são meros repetidores. Neste, sentido o que surgirá, na melhor das hipóteses é "...um velhaco cheio de preocupações."(SCHOPENHAUER; 2012, p.27). Acredito que, mais uma vez, Rorty, pode nos ajudar a pensar, fornecendo uma maneira percebemos interdisciplinaridade, como uma maneira não hegemô nica do conhecimento ser transmitido, o que levaria a uma mudança no pensamento do “poder ser transmitido.” Interessante percebemos uma frase de Monteiro Lobato, no qual, diz que “Um país se constrói com homens e livros”. Isso não garante que todos os literatos irão mudar necessariamente a realidade, mas, gera uma maior possibilidade de, ao conhecer o mundo que esta ao nosso redor, possamos mudá-lo. Assim, “A palavra “literatura” abarca hoje praticamente qualquer tipo de livro que se possa imaginar que tenha relevância moral – que se possa imaginar que altere o sentido do que é possível e importante.” (RORTY, 2007, p. 147). E isso ocorre, porque para Rorty isso levaria a possibilidade de ao entrar em contato com os críticos literários, teríamos uma gama maior de possibilidades, pois, tais críticos tem excepcionalmente uma visão ampla de conhecidos, de teoria, ideias. Não significa que tenham um acesso especial à verdade moral, mas, como diz Rorty, por serem “rodados, ou seja, eles leram mais livros e tem melhores condições de não estarem presos a um único vocabulário, a uma hegemonia ideológica. Acredito que ao compreender a definição segundo Ric hard Rorty de ironista liberal, podemos avançar mais neste assunto: Definirei o “ironista” como alguém satisfaz três condições: (1) tem duvidas radicais e continuas sobre o vocabulário final que usa atualmente por ter sido marcado por outros vocabulários, vocabulários tomados como finais por pessoas ou livros que ele deparou; (2) percebe que a argumentação enunciada em seu vocabulário atual não consegue corroborar nem desfazer estas dúvidas; (3) na medida que filosofa sua situação, essa pessoa não acha que seu vocabulário esteja mais próximo da realidade do que outros, que esteja em contato com uma força que não seja ele mes mo. Os ironistas que se inclinam a filosofar vêem a escola entre os vocabulários como uma escolha que não é feita dentro de um meta vocabulário neutro e universal, nem tampouco por uma tentativa de lutar para superar as aparências e chegar ao real, mas simp lesmente co mo jogar o novo contra o velho. (2007,p. 134). Para este pensador, o ironista é aquele que percebe “... que qualquer coisa boa ou má pode ser levada a parecer boa ou má, ao ser redescrita (...) (RORTY, 2007, p. 134). Ou seja, eles estão sempre conscientes de que ao redescrever sua realidade, tem a consciência da contingência e fragilidade dos vocabulários finais, usados pelos mesmos, e consequentemente, uma noção contingente do seu eu, da verdade. Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 70/78]