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gesto, portanto, trata-se de uma expressão humana: “a arquitectura é um gesto. Nem todo
movimento intencional do corpo humano é um gesto. Nem tão pouco se concebem como
arquitectura todos os edifícios construídos de um propósito” (WITTGENSTEIN, 2000, p. 68).
A arquitetura, assim como a casa construída a partir da supervisão do “filósofoarquiteto”, é a atividade do homem sobre si próprio, sobre o modo como vê as coisas e se
relaciona com elas, ou seja, uma expressão de uma impressão. Nesse caso em particular, o
projeto da casa elaborado por Wittgenstein expressa a impressão que ele tem da época em que
vive. Seguindo as suas próprias considerações, é possível concluir que se trata de uma
atividade sobre si próprio, sobre o modo como vê a filosofia, a vida e o mundo como um todo.
Esse exterior da obra, que tem a natureza de um apontar da obra para além de si
mesma 9 , é uma necessidade daquele que experimenta a obra porque a obra é o seu próprio
paradigma: “O tema não aponta para nada além de si? Oh, sim! Mas isso significa: - A
impressão que ele me provoca está ligado a coisas nos seus arredores” (WITTGENSTEIN,