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deveria adotar um proceder igual, ou ao menos semelhante, do artístico e estético 7 . Filosofia e
estética, para Wittgenstein, não eram mais do que descrição, ou não deveriam ser mais que
isso.
Aplicando esse modelo da descrição gramatical na experiência estética, é possível
eliminar os enigmas estéticos, porque “o que esclarece esses enigmas, o que os dissolve, é a
descrição do modo como aqueles que são afetados por uma determinada obra se expressam e
se comportam” (CRESPO, 2011, p. 326). Trata-se, portanto, de um artifício para solucionar
os enigmas e para decifrar a experiência que tal pessoa fez. É possível ver e descrever a
expressão facial de assombro, de desaprovação quando uma pessoa se vê diante de uma
pintura que não a agradou, ou de aprovação, quando possivelmente ocorre o contrário.
Wittgenstein convida o interlocutor (ou o observador) a se deter na reação do sujeito e
não nas possíveis palavras empregadas por ele. Dessa forma, procurando pelo gesto,
analisando o comportamento humano e descrevendo esse comportamento, é possível solver
todos os enigmas estéticos.
A análise se volta para os gestos, para a maneira como as pessoas reagem ao co ntato
com uma obra de arte, porque, nas palavras de Wittgenstein (1994, p. 238), “o corpo humano
é a melhor imagem da alma humana”, ele não permite errar. Compreender o motivo, a razão
de determinada reação, é o meio para solucionar os enigmas. A observância dessa reação do
sujeito da experiência possibilita ter um modo de comparar: “ter um modo de comparar é
possuir algo exterior à obra que não substitui a obra, mas indica um possível caminho a
seguir” (CRESPO, 2011, p. 327).
Em resumo, o gesto é elevado por Wittgenstein à condição de “expressão” que
comunica de forma contundente uma impressão, a qual não pode ser verbalizada
corretamente, gozando de um permanente fracasso nessa tentativa. Isso posto, é importante
notar que, estendendo a análise e aplicando na atividade filosófica, é possível concluir que a
própria filosofia pode ser entendida como um gesto que expressa o pensamento do filósofo.
Seguindo esse raciocínio, cabe lembrar a relação de Wittgenstein com a arquitetura 8 .
Para ele, a arquitetura, assim como as demais expressões artísticas, é entendida como um
7
Mais a respeito da aproximação entre a atividadeestética e a atividadefilosóficapoderáserconsultado no
artigoWittgenstein: estética e filosofia, artistas e filósofos, de nossaautoria, naRevistaPeri, v. 7, n. 1 de 2015.
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Entre os anos de 1925 e 1926, W ittgenstein supervisionou, juntamente com Pau l Engelmann, o
projeto de construção da nova casa de sua irmã Gretl. Neste ponto cabe destacar que, de acordo com Ju lián
Marrades (2013, p. 145), o trabalho arquitetônico de Wittgenstein possivelment e tenha sido influenciado pela
atividade arquitetônica de Adolf Loos, conhecido como „Nova Objet ividade”. Loos caracteriza a oposição entre
o antigo e o novo mediante a distinção entre arte e ofício. Seu ponto de vista fundamental é que não pode haver
um caminho direto entre a arte e o ofício, dado que entre ambos se interpõe o tempo. O que Loos defende é que
Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 56/69]