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A experiência não admite divisão entre ato e matéria, sujeito e objeto, coisa e
pensamento, pois todos envolvem unidades, são conexões. Vida denota função e
atividade compreensiva, na qual organismo e ambiência acham-se incluídos. A história
compreende as proezas realizadas, as tragédias sofridas, o comentário humano, o
registro, a interpretação. Tanto a vida quanto a história incluem objetos biológicos,
fisiológicos, geográficos, naturais, sociais. Essa unidade integrada deve ser o ponto de
partida para o pensamento filosófico 59 . Portanto, os atributos da vida e da história,
objetos e pensamento se encontram no mesmo contexto. Vida e história incluem aquilo
que os homens fazem, suas vivências, o que eles se esforçam por conseguir, o que
amam, creem, suportam e, também como homens, o que produzem com suas ações e
sofrem com as ações dos outros. Isso inclui também as maneiras pelas quais padecem,
desejam e desfrutam, veem, creem, imaginam etc 60 .
Uma reflexão sobre as nossas crenças nos leva às experiências a partir das quais
se originaram. A diversidade de nossas crenças afeta tremendamente nossas novas
crenças e antecipações da experiência. Essa diversidade é determinada por fatores
sociais. Então descobrimos que cremos em muitas coisas, não porque as coisas são
assim, mas porque nos tornamos habituados a pensar dessa maneira, por diversos
motivos: elas provêm ou do peso da autoridade, ou da imitação, ou do prestígio, ou da
instrução, ou do efeito inconsciente da linguagem. Aprendemos, por exemplo, que as
qualidades que atribuímos aos objetos devem ser imputadas às nossas próprias maneiras
de ter experiência deles, e que estas, por sua vez, se devem à força das interconexões
sociais e do costume 61 .
Se considerarmos nossas maneiras pessoais de crer, veremos a extensão em que
essas maneiras são estabelecidas pela tradição e pelos costumes. Ocorre que a ausência
de um método empírico levou ao isolamento dos objetos em relação a sua origem e a
seu uso instrumental. Aplicando essa abordagem à investigação psicológica, os objetos
ligados à experiência interna foram concebidos como constituindo um mundo mental
isolado e separado, em si, autossuficiente e fechado em si mesmo. Essa trajetória do
“psicológico” vai coincidir com outra perspectiva, qual seja: aquela que toma os objetos
físicos como completos e fechados em si próprios. Isso resulto u nas “ninhadas de
59
DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 06.
DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 06.
61
DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 10.
60
Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 30/55]