Revista Redescrições | Page 47

47 operativa e reflexiva. Essa inteligência marca certa emancipação, pois, “purifica” e reconstrói os objetos de nossa experiência primária ou direta. Dewey ainda argumenta que: Since the psychological movement necessarily coincided with that which set up physical objects as correspondingly complete and self-enclosed, there resulted that dualism of mind and matter, of a physical and psychical world, which fro m the day of Descartes to the present dominates the formulation of philosophical problems 46 . Pensar que a autoconsciência nos daria as verdades fundamentais e decidiria o que estaria de acordo ou não com a razão aponta para a certeza da infabilidade do conhecimento. Dewey declara que essa é uma espécie de falácia filosófica que o cartesianismo nos impôs. Pelo cartesianismo, devemos abandonar as crenças do mundo exterior por meio da aceitação de crenças fundacionais, isto é, crenças asseguradas por intuição intelectual de verdades imunes ao erro, isto é, crenças extraídas dos nossos estados mentais. Dewey se opõe a essa estratégia. Por esse caminho o conhecimento é tratado como um dado anterior a qualquer conhecimento empírico. Ao contrário disso, Dewey pretende que sua metafísica seja descritiva e denotativa, ou seja, correspondente a uma ontologia que, ao ser capaz de observar e registrar os traços gerais da existência leve em consideração também o instrumento dessa observação, isto é, a reflexão humana e as condições sociais que a solicitam 47 . Podemos inferir que o apelo de Dewey a situações indeterminadas para referir-se a um estágio pré-reflexivo conduz ao papel filosófico da dúvida no processo de conhecer. Diferentemente dos cartesianos, Dewey, conforme De Waal, seguiu a teoria da dúvida e da crença de Peirce, “em que a inquirição é, de maneira semelhante, o produto de uma aflição de algum tipo e chega à conclusão quando essa aflição é aliviada”48 . A dúvida está sempre relacionada a uma situação indeterminada, de tal sorte que a relação entre a dúvida e a crença possa favorecer um equilíbrio homeostático. Assim, o problema do conhecimento tanto para Dewey quanto para Peirce está colocado em termos naturalistas. Ao caracterizar o naturalismo de Dewey, De Waal, escreve: 46 DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 15. DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 06. 48 DE WAAL, Cornelis. Sobre Pragmatismo. Trad. Cassiano Terra Rodrigues. São Paulo: Ed ições Loyola, 2007, p.160. 47 Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 30/55]