Revista Redescrições | Page 44

44 complicações intelectuais umas sobre as outras para atingir, ao final de um longo e tortuoso caminho, aquilo que a experiência ingênua já sabe. Para Dewey a experiência teria que ser, na filosofia, assim como o é nas ciências naturais, o ponto inicial e terminal da investigação, colocando problemas e testando propostas. Se o método empírico fosse adotado no filosofar, a experiência não teria sido relegada a um lugar secundário e quase acidental como o foi na escola cartesiana. Dewey assegura que assumir a perspectiva de uma filosofia histórica e contingente é uma forma de enfraquecer os discursos dominantes das ontologias clássicas que se “interpõem no caminho da compreensão da força do método empírico em filosofia” 36 . Dewey argumenta que quando é negligenciada a conexão entre os objetos científicos e os acontecimentos da experiência primária, o resultado é um quadro de um mundo de coisas indiferentes aos interesses humanos. Conforme Geiger, a experiência servirá como um elemento profilático contra a descontinuidade, pois poderá ser utilizada para corrigir o empirismo parcial que seleciona apenas alguns aspectos da experiência como reais 37 . Para se contrapor a um subjetivismo radical, Dewey explica que não é possível reduzir a experiência unicamente ao processo de experienciar, tratado como algo que é co