Revista Redescrições | Page 19

19 A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER COMO UMA HERANÇA PÓS-COLONIAL MARIA JOSÉ PEREIRA ROCHA* RESUMO: Este artigo tem como preocupação central analisar a imagem da violência contra a mulher como um legado pós-colonial presente no filme “A fonte das mulheres”, nas notícias veiculadas nos meios de comunicação de massa que retratam a violência no cotidiano feminino em diferentes países do mundo na contemporaneidade. Para refletir sobre tais temáticas será tomado como referência o relato de uma mulher que sofre de violência doméstica desde os 14 anos de idade. Palavras-chave: imagens de mulheres, violência, cinema, pós-colonialismo A dificuldade de abordar o tema da violência é que este implica e envolve questões teóricas, metodológicas e políticas. Para enfrentar esse desafio lanço mão de elementos como: o filme A fonte das mulheres, notícias veiculadas nos meios de comunicação de massa que retratam esse fenômeno no cotidiano feminino em diferentes países do mundo. E por último foco no relato de uma mulher goiana que vivencia a violência doméstica desde os 14anos de idade. Todas essas possibilidades remetem ao silêncio e a submissão. O filme A Fonte das Mulheres registra uma história de uma aldeia situada entre a África e o Oriente Médio, onde as mulheres são responsáveis por buscarem a água que é utilizada pelas famílias. Para isso, precisam caminhar grandes distâncias embaixo de sol escaldante, enquanto seus maridos ficam em casa bebendo e jogando. Um dos habitantes do vilarejo fica noivo de Leila, uma francesa que mora há algum tempo na região. A jovem não aceita a tradição e decide pôr fim a isso, exigindo que os homens passem a buscar água. Por se tratar de uma comunidade extremamente machista, a solução encontrada é fazer “greve de sexo”, o que, entre islamistas radicais, causa muitos problemas. A narrativa mostra que muitas mulheres perderam seus bebês em consequência da tarefa árdua de buscar e carregar água retirada da fonte localizada na montanha. Uma senhora chamada: Velho Fuzil diz para as mulheres reunidas em um banheiro coletivo : “Um dia um francês me perguntou: „Quais foram os momentos mais felizes da sua vida?‟ Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 19/26]