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atômicos que costumamos chamar de indivíduos. Em vez disso, é uma miscelânea de
meios sociais que são estruturados como subculturas. Basta pensar no mundo dos
amantes de cavalos – uma enorme subcultura na qual você poderia se perder, em todo o
seu tempo de vida, mas que é igualmente boa e invisível, caso você não seja um
membro. Existem centenas, senão milhares, de meios sociais no atual terreno social que
têm a tendência de, a partir de seu próprio ponto de vista, formar o centro do mundo e,
ainda assim, serem igualmente bons e inexistentes para os outros. Eu os denomino
“sistemas inter-ignorantes” (inter-ignorant systems). E, entre outras coisas, eles existem
em virtude de uma regra de cegueira. Eles não podem tomar ciência um do outro, se não
seus membros seriam subtraídos do prazer de pertencer a um seleto grupo de poucos
especialistas. No que diz respeito a profissões, há apenas dois ou três tipos de humanos
que podem dar-se ao luxo da poli-valência (poly-valence) em lidar com meios sociais.
Os primeiros são os arqui-tetos (arch-tects), que (ao menos virtualmente) constroem
contêineres para todos; os segundos são os romancistas, que inserem pessoas de todos
os estilos de vida em seus romances; finalmente, vêm os sacerdotes, que falam nos
enterros de todas as possíveis classes de mortos. Ops! Esqueci-me dos novos sociólogos
à la Latour.
Em outras palavras, por um lado, a múltipla personalidade e, por outro, o
solitário fazedor de contatos em rede (networker) – essas são as duas opções que
considero abertas a popu-lações (popu-lations) individualizadas. O modo como o homo
sapiens é influenciado pelo dote de seus tempos de horda é, sem dúvida, insuper-ável
(insurmount-able), porém, porque a explicação dessa antiga herança continua
simultaneamente em várias direções, os elementos proto-sociais da vida do homo
sapiens podem ser retrabalhados. Eles levam a um tribalismo eletrônico. Em padrões
(motifs) diádicos, em contraste, os relacionamentos íntimos são explicados a tal nível
que a intimidade pode, literalmente, ser desempenhada através da mídia técnica da
suplementação de si mesmo. A longo prazo, surgem tipos humanos que são bastante
diversos dos que conhecemos agora.
O apogeu dos modelos que você descreve para apartamentos, do início da
modernidade até o pensamento de Kisho Kurokawa e do urbanismo até Constant,
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 86/105]