Revista Redescrições | Page 78

78 the efforts of a whole discipline called psychoanalysis. Keywords: Language. Perception. Psychosis. Logic. Vale advertir, antes de começar, que a ordem de exposição dos pressupostos não supõe hierarquia alguma entre eles. Pressuposto I – Uma língua padrão, abstrata e homogênea (ou uma estrutura constante e invariável de atos lingüísticos). Na lingüística, principalmente na escola encabeçada por Chomsky, isso funciona como postulado (ainda que existam lingüistas que trabalham numa contra-tendência que define a linguagem segundo uma linha heterogênea de variação, não só entre uma língua majoritária e seus dialetos, mas entre o conjunto de enunciados de uma língua e suas efetuações, num ponto de vista pragmático2). Isso não quer dizer que os lingüistas ignoram o fato de uma língua ser uma realidade essencialmente heterogênea, mas eles exigem que se extraia, deste conjunto, uma linguagem padronizada como condição abstrata ou ideal para o estudo científico, pois, de acordo com o modelo científico de que se valem, garante-se com isso a constância e a homogeneidade do objeto. Muito embora saibamos que a lingüística e a filosofia analítica são estranhas uma à outra no que diz respeito ao tratamento da linguagem, o motivo de trazer esse postulado da lingüística neste texto é por entendermos que Evans faz o mesmo quando rejeita as línguas vernaculares numa nota-de-rodapé: nossas línguas vernaculares não foram feitas para conduzir provas. E os defeitos que brotam disso são, precisamente, minha principal razão para erguer uma notação conceitual. A tarefa de nossas línguas vernaculares é essencialmente preenchida se as pessoas comprometidas em comunicação uma com a outra conectarem o mesmo pensamento, ou aproximadamente o mesmo pensamento, com a mesma proposição. Pois de modo algum é necessário que as palavras individuais devam ter um sentido e significado por si mesmas, contanto que a proposição inteira tenha um sentido.3 2 Cf. William Labov (1972). (EVANS: 1982, p. 11). – Pode-se até extrair uma conclusão paradoxal, pois os muitos exemplos do seu livro foram quase que totalmente imaginados a partir de eventos e objetos ordinários, e há toda uma atmosfera doméstica nas situações apresentadas, onde a linguagem vernacular é sem dúvida determinante. O paradoxo está em pensar que uma nota-de-rodapé (essa de Evans) seria capaz de soltar uma nuvem de abstração por todo o livro, pondo em xeque seus exemplos. 3 Redescrições - Revista online d