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enunciados relativos à química e enunciados que não são relativos à química, por
exemplo (2008a, p.35).
A importância da distinção estaria posta pela obviedade de que fato e valor não
são sinônimos, e por isso mantêm peculiaridades e acepções específicas com respeito ao
seu significado. Porém, ao traçar a distinção, não há nenhuma necessidade de uma
decorrência metafísica ocasionada pelo que temos chamado de “dicotomia”. Afinal,
distinguir a cor “azul” da cor “amarelo” não é o mesmo que afirmar que elas são
dicotômicas, por exemplo.
Na próxima seção, passaremos à análise da noção de fato que os positivistas
lógicos adotaram, para lançarmos uma crítica com respeito aos pressupostos nos quais
ele mesmo se ampara e fundamenta. Feito isso, poderemos começar a apresentação do
argumento que irá culminar no colapso da dicotomia entre fato e valor.
1. 1 A Critica de Putnam à Noção de Fato do Positivismo Lógico
Pelo que vimos até aqui, podemos afirmar que a dicotomia entre fato e valor
repousa sobre a noção de fato. Putnam nos explica que “a noção humeana de um ‘fato’ é
simplesmente aquilo do qual pode existir uma ‘impressão’ sensível” (2008a, p. 38).
Como já foi aventado acima, essa noção de fato é constitutiva da consolidação da
dicotomia entre fato e valor e, dito de outro modo, isso pode ser asseverado por não
possuirmos, no nosso aparato sensório, um sentido que con ͥ