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em relação ao Humanismo, História, Moral, Genética e Filologia, e também por possuir
mal gosto e ser midiático. Mas não só intelectuais estavam envolvidos; apresentadores
de talk shows, cartas ao editor e jornalistas de várias mídias também entraram na briga.
A Der Spiegel, uma contraposição eminentemente erudita à Times Magazine, deu a uma
palestra numa obscura conferência de Filosofia uma cobertura de 17 páginas 4. Os feitos
de um filósofo foram matéria de capa. Aqueles entre nós que perseguem a mesma
disciplina em países onde se tem menos prestígio e visibilidade puderam só se admirar 5.
Nos Estados Unidos, a única revista que tomou nota sobre o debate em torno de
Sloterdijk foi a Lingua Franca, hoje extinta e à época com uma grande reputação de
acesso privilegiado a fofocas da intelligentsia, mas com uma relativa pequena
circulação6.
Só na Alemanha também o uso do termo “selektion” causaria tanta indignação.
De fato, a “Rede” de Sloterdijk estava cheia de palavras inflamatórias: Menschenzuckt,
Selektion, Anthropotechnik. País com uma grande consciência formada por uma má
história, a Alemanha está entre as nações mais escrupulosas no mundo em rejeitar
qualquer coisa que soe a eugenia. Nos Estados Unidos, contrariamente, leio uma coluna
opinativa numa sessão da The New York Times Magazine, que dificilmente seria
considerada o pior jornalismo da América, em que o maravilhamento médico de
prevenção de uma doença hereditária por fertiliza