Revista Redescrições | Page 137

137 em relação ao Humanismo, História, Moral, Genética e Filologia, e também por possuir mal gosto e ser midiático. Mas não só intelectuais estavam envolvidos; apresentadores de talk shows, cartas ao editor e jornalistas de várias mídias também entraram na briga. A Der Spiegel, uma contraposição eminentemente erudita à Times Magazine, deu a uma palestra numa obscura conferência de Filosofia uma cobertura de 17 páginas 4. Os feitos de um filósofo foram matéria de capa. Aqueles entre nós que perseguem a mesma disciplina em países onde se tem menos prestígio e visibilidade puderam só se admirar 5. Nos Estados Unidos, a única revista que tomou nota sobre o debate em torno de Sloterdijk foi a Lingua Franca, hoje extinta e à época com uma grande reputação de acesso privilegiado a fofocas da intelligentsia, mas com uma relativa pequena circulação6. Só na Alemanha também o uso do termo “selektion” causaria tanta indignação. De fato, a “Rede” de Sloterdijk estava cheia de palavras inflamatórias: Menschenzuckt, Selektion, Anthropotechnik. País com uma grande consciência formada por uma má história, a Alemanha está entre as nações mais escrupulosas no mundo em rejeitar qualquer coisa que soe a eugenia. Nos Estados Unidos, contrariamente, leio uma coluna opinativa numa sessão da The New York Times Magazine, que dificilmente seria considerada o pior jornalismo da América, em que o maravilhamento médico de prevenção de uma doença hereditária por fertiliza