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bem-vindo dentro do confinamento próprio. Já que a imunização da humanidade está
agora ameaçada pela crise mundial, a política clássica se torna tão obsoleta quanto a
paleopolítica. A negação e a desconsideração do outro se mostram estratégias
autodestrutivas.
É a essa luz que Sloterdijk extrapola o conceito de imunização para o de coimunização. Ele argumenta que, embora o comunismo tenha se equivocado por um sem
número de enganos, ele seguiu uma intuição válida. Complexas formas sociais de vida
somente podem ser sustentadas por práticas universais, cooperativas e ascéticas. A
prosperidade das espumas humanas depende de macroestruturas de co-imunização. Os
membros dessas estruturas não são passageiros em um navio de tolos, n avegando sob a
estrela do universalismo abstrato; eles são transformados em colaboradores
responsáveis pela construção da arquitetura global da co-imunização (2009, p. 713).
Conclusão
Sloterdijk proporciona a partir de seu conceito de espumas humanas uma visão
inovadora da configuração espacial da comunidade universalizante. Partir de um projeto
de bolhas, povoadas por pequenos números de pessoas e ar condicionadas por suas
forças eróticas e thymóticas, permite a ele resolver o impasse ontológico de forma
antropológica. Ao enfatizar na história da humanidade e na emergência de entidades
políticas cada vez mais complexas, a política e a polícia permitem a ele resumir os
princípios governantes de comunidades universalizantes no conceito de co-imunização.
A ideia básica de co-imunização é que seres humanos dependem de recursos bio-, sócioe psico-imunológicos, que só podem ser gerados por vias colaborativas. A negação do
outro resulta automaticamente na redução da própria imunização.
Com o conceito de co-imunização, a pura base identitária da política mundial
pode ser abandonada e substituída por uma abordagem não exclusivista. A necessidade
por identidades não é negada pelo conceito de co-imunização, mas as dinâmicas
thymóticas são contidas de modo que não provoquem confrontos destrutivos dentro de
bolhas e espumas. Em verdade, os modos colaborativos de coexistência implicados pelo
conceito de co-imunização precisam ser abastecidos pelo orgulho thymótico do doador
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 90 a 110]