REVISTA LIDER COACH | Setembro | 32
Marinheiro de primeira viagem
Ann Birosel
Quem pode esquecer de sua primeira viagem ao exterior? E quiçá, sua primeira viagem de avião também?
Tantas emoções, expectativas e anseios. E o receio de esquecer algo? Escova de dente, meias, carregador, e tantas outras coisas. Faz e refaz a mala só para ter certeza de que nada esqueceu, mas saindo da porta, verifica pela milésima vez bilhete, passaporte, email de confirmação com o localizer... A caminho do aeroporto, já em cima da hora, fazendo ligações e mandando textos para mãe, pai, amigos, colegas...estou saindo para minha primeira aventura internacional! Chegando no aeroporto, dá um branco, qual a linha aérea mesmo? Ah, está aí, o penúltimo, com a fila quilométrica.
Entro na fila para fazer o check-in e já parado por uma atendente uniformizada e com uma baita placa de coisas proibidas em cima. E ela começa perguntando: fez sua própria mala, tem arma, gás, se deixou a mala com alguém, e assim vai. Nervoso, olho para a placa de objetos proibidos e sacudo a cabeça, sim, não, não...ela pega meus documentos e olha meu passaporte e passagem e me deixa passar com seu desejo de uma boa viagem. Ufa, passei a primeira, mas agora, a fila continua no seu caminho sinuoso até o check-in das malas.
A mulher atrás de mim com crianças empurrando um carrinho cheio de malas amarradas com fitas coloridas, mochilas infantis, travesseiros e bichos de pelúcia. Escapo por pouco de umas batidas nos calcanhares. Novamente entrego documentos, ponho a mala na esteira, mais uns minutos e liberado com bilhete em mão. A atendente me devolve tudo, mais um recibo da mala e aponta a entrada para as salas de embarque. Ela me deseja uma boa viajem já chamando o próximo.
Arrastando minha maleta de mão, desviando das pessoas, malas, crianças e pilares, atravesso o saguão na direção indicada, bato no bolso para ver se está tudo ali. Não tenho tempo para tomar um cafezinho, talvez na sala de espera...uma cerveja nessa altura cairia melhor...
Agora, outra fila para passar para a área restrita aos passageiros internacionais. Os policiais na porta olham meu bilhete e meu passaporte antes de me deixarem passar, mas fazem tudo quase sem eu precisar diminuir o passo. Passando pela porta levo um susto, outras filas imensas, desta vez da polícia federal, olhando documentos, carimbando passaporte...abre maleta, tira sapato, tira relógio e iphone, chaves e moedas, tiro o laptop e ponho tudo numa caixinha de plástico para passar pelo raio x. Passa pelo detector cujo apito me assusta. Dou um passo para trás e o guarda me manda esvaziar os bolsos e tirar o cinto e a pulseira que nem me lembrei que usava. Na fila ao lado, um cara é cercado por um monte de policiais federais e levado na direção de uma porta marcada "restrita". Nem tenho tempo para imaginar o que pode ter acontecido ou o que acontecerá com ele. Passo de novo pelo arco e o guarda passa o detector de metais bem rente ao meu corpo, desta vez sem apito, pego minhas coisas, verificando duas vezes de que nada deixei nas caixinhas. Calço os sapatos e organizo minha maleta de novo. Enquanto isso, a fila anda. Aqueles sortudos com menos objetos ou mais experiência passam mais rápido, enquanto amarro meus cadarços (da próxima vez, uso sapato sem cadarço, nada de botas e se bobear viajo de havaianas!
Nossa! Quanta demora chegar ao avião, quase duas horas de filas e exames, mas agora sim, estou livre. Mais adiante aquela meca de viajantes, o Duty Free, lotado de gente, carrinhos e objetos de desejos dos mais variados, perfumes, acessórios, chocolates, bebidas, todos importados e de marcas internacio-nais. Essa aventura deixo para a volta, agora estou pronto para aquela geladinha e meu primeiro voo.
Ann Birosel | Americana com 37 anos de Brasil. Advogada com mais de 20 anos em gerência de área jurídica e compliance de empresas multinacionais, especializando em direito empresarial e contratual. Revisora e tradutora de artigos das áreas jurídica e financeira. Professora de inglês para estrangeiros. Aulas particulares de literatura inglesa e americana e linguagem jurídica.
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