Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre 9ª edição | Page 38

LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018 Amamentação Charles Burck Rio de Janeiro/RJ Só vou enlouquecer se não quebrar o meu silêncio Jogar palavras pelos corredores estreitos Jogar fora o que não presta alivia minha sina Mas prefiro cantar nas varandas interiores. Chego à janela e aquela mulher para e escuta Minha mimada prece, minha silenciosa lida Os reflexos de inteligência. Do seu corpo rosáceo, me chama, a linguagem para amar e ruminar canções, Refletida alma externa, brilha de vida e desejoso amor. O leite alvo dos seus seios pode salvar a minha existência Eu agora mergulho e ascendo Trago para cima o ar que me falta Atravessando seu próprio impulso, respiro Poema sabe o poder da loucura. E age com delicadeza, Sou uma vida em ebulição de criação, Áspera, inconcreta Alimenta-me com o teu leite, Verde, amarelo, magenta O sabor de todas as cores da vida 33