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LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018 do braço e se retirou. Assim também fizeram os demais. Com a elegância que lhe é peculiar, o Samba pediu a palavra. - Calma gente. Sei que fui atrevido ao me colocar à frente de tão bela jovem e pretensioso em realizar a missão dada a ela. Esta jovem, chamada Poesia pertence a todos nós. Cada qual com sua maravilhosa arte. Só que eu fui mais rápido. Enquanto vocês estavam apenas observando eu tive a coragem de me apresentar. Agora cabe a ela decidir quem irá musicá-la. Eu apenas deixo aqui registrado a minha intenção de torná-la uma linda canção, que possa alegrar multidões, que ecoe por todos os cantos, levando essa sagrada missão que é a dada a todas as músicas, de todos os gêneros. E Poesia respondeu ao Samba. Falando suavemente, com palavras rimadas e envolventes, demonstrou o interesse de tê-lo como gênero a ser usado para musicá-la. - Sim, quero ser um Samba. O primo de Poesia, Sr. Carnaval, quando soube da notícia ficou muito feliz e fez votos de felicidade eterna ao casal. Comunicou a todos os seus parentes. Avisou o samba enredo, o Partido Alto, o Pagode, o Samba Canção e o Samba Exaltação. Contou para o Samba de Gafieira e o Samba Carnavalesco. Todos responderam ao convite de participarem, cada qual na sua modalidade musical e se dispuseram a segui-los por onde fossem. Em um bar, comumente frequentado por algumas pessoas como o Sr. Violão, apreciador de uma cerveja gelada acompanhada de um bom papo, usou seus bordões para executar um magistral elogio ao casal, um tal de pandeiro, que de tão feliz fez rufar suas platinelas como se estivesse aplaudindo a notícia, o Surdo, cidadão de corpo avantajado, dono de um sorriso bonito que, empolgado repicou o couro de seu instrumento. E Cavaquinho, moreninho alto e de sorriso aberto, solou uma canção tão linda que todos pararam para aplaudir. Chacoalho, também apelidado de Ganzá também se fez notar perante os outros. E assim, todos os demais frequentadores como o Sr. Tamborim, D. Cuíca e D. Timba, imediatamente deixaram as cervejas e caipirinhas sobre o balcão e se dirigiram ao encontro de Samba e Poesia. Eufóricos, gritavam: - Estamos com vocês. Estaremos prontos para atendê-los quando precisarem de nós. Seremos seus amigos e parceiros para sempre. Não pensem que os outros moradores da cidade se entristeceram com o fato. Poesia, em seu discurso de aprovação ao Samba, fez questão de mencioná- los e se colocar à disposição para quaisquer eventualidades. Não poderia deixá- los sós, sem as letras maravilhosas que saiam de dentro dela. Imaginem o que seria do Cordel, senhor de uma simpatia peculiar se não fosse a sua Poesia. Até o Rock, rapaz de rebeldia pacífica, que profere palavras certas na hora exata se sentiria desfalcado se dela fosse tirado. O Forró, nas festas de São João, e assim 134