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LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018
com sua sombrinha colorida, exibiu-se com uma agilidade ímpar quando passou
pela moça, além do irreverente Xaxado que boquiaberto também admirava tal
beleza.
Nesse momento, quando o silêncio, era assustador e só podia se ouvir
suspiros e sussurros, eis que o irreverente Menestrel aproxima-se da jovem e
lhe diz:
— Preciso saber seu nome, para que meu dia seja mais feliz.
A jovem após um breve silêncio respondeu:
— Me chamo Poesia. Vim visitar sua cidade pois meu primo, que se chama
Carnaval, me incumbiu de uma missão: Preciso encontrar uma pessoa, que me
transforme em música.
Nesse momento, o silêncio que já era de impressionar tornou–se ainda
mais notório. Também pode-se ouvir uma breve exclamação. Menestrel voltou-se
para os presentes e indagou:
— Quem poderia ajudar a jovem donzela?
Todos os rapazes se prontificaram. O Forró, o Frevo, o Maracatu e Baião e
outros falaram em uníssono:
- Eu posso!
- Calma! Deixem a moça explicar melhor.
Nesse momento, alguém que ainda não tinha se deixado ver, aproxima-se,
com passos gingados levemente trançados, em direção da jovem e bela
Poesia.
Permita-me apresentar-me. Eu sou o Samba.
Agora, o silêncio abandonou a Praça e o burburinho assumiu seu lugar.
Todos estavam impressionados com a audácia daquele moreno alto, de terno
branco engomado que tinha o gingado como marca principal. Tirou o chapéu
da cabeça e seguiu em direção à moça.
A jovem ficou impressionada. Não foi difícil perceber que Poesia se
encantou com o Samba. Os olhares se fixaram um ao outro e por um período
não se desviaram. O universo usou de toda sua perspicácia e os envolveu em
seus braços fortes e tornou impossível que reagissem em sentido contrário.
Cupido, que sobrevoava o local pousou sobre o galho de uma árvore e dali foi
impossível errar o alvo. Flechou-os e o amor irradiou-se e seu efeito foi logo
sentido por Samba e Poesia.
Logo ouviu-se um grito do fundo do peito vindo do indignado Rock, que não
entendera a decisão mas rapidamente voltou atrás e, com sua voz rouca, proferiu
também umas palavras de incentivo ao casal e ao final mostrou os dedos polegar
e mínimo colocados de forma que os demais ficassem dobrados junto a palma da
mão, urrando novamente. Daí o Frevo pegou sua sombrinha, colocou-a embaixo
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