Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre 9ª edição | Page 137

LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018 Uma Cidade Chamada Inspiração Luis Carlos Lucafe Guaratinguetá/SP Vou me apresentar: Me chamo Anfitrião da Silva e moro em uma cidade pequena mas muito aconchegante chamada Inspiração. Fica localizada em uma área encantadora onde os pássaros têm a incumbência de acordar os habitantes com sinfonias maravilhosas. Tudo funciona muito bem, como se Deus regesse os acontecimentos com sua batuta divinal. Em minha cidade tudo acontece de uma maneira muito especial pois privilegiados que somos, temos o tempo inteiro para a criação. Poetas, pintores, escritores colhem as ideias como frutas em um farto pomar. Por isso, o nome da cidade não é mera coincidência. Todos são beneficiados por este dom. Mas hoje vou falar da música e de seus representantes. Artistas que são, não deixam de absorver o que lhes é oferecido: Muita Inspiração. O fato que vou contar se deu há algum tempo atrás e nem me lembro bem a data exata. Numa bela tarde de domingo, os jovens moradores de Inspiração se deram com uma linda jovem, recém-chegada à cidade. O ponto de encontro da juventude local é a praça principal, onde a paquera e os namoros acontecem. E foi exatamente lá que a moça resolveu passear. Os olhares imediatamente se voltaram para ela. Seu andar, lento e compassado vinha acompanhado de um balanço dos quadris e um charme especial. Sua simpatia se espalhava pelo local e era sentida como se um perfume encantador irradiando magia atingisse a todos. Os rapazes estavam maravilhados. Suspiravam e imaginavam ter a honra de também encantar a linda moça. Neste dia, a praça estava praticamente lotada. Lá estavam o filho do prefeito, rapaz de linhagem familiar chamado Rima, os sobrinhos do Juiz de Direito, o Bolero e o Maracatu, e também o despojado Rock, cujas vestimentas se destacavam por serem de couro negro. Braceletes pontiagudos brilhavam quando expostos ao sol. Bolero, elegantemente vestido, passava a mão pelos cabelos como se a todo momento um mísero fio saísse do lugar adequado. Maracatu estava mais à vontade pois não era assim tão ligado à sua aparência, embora procurasse também se mostrar disposto a flertar com a dama. Ali também desfilavam o Forró, primo de primeiro grau do Padre Baião, pároco local que, como já havia terminado a missa, passeava também pela praça carregando aos braços o gato de estimação chamado carinhosamente de Xóte. O jovem Frevo, 132