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LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018
Um poema para a vida
Beth Fallahi
Poços de Caldas/MG
Hoje vemos todas aquelas crianças morrerem
Morrem nos braços da mãe, do pai, de um conhecido, um vizinho
Abandonados ao chão, ao relento, ao tormento
Apenas morrem
São milhares
Sem dó, nem piedade
Apenas morrem
São mortas, apenas morrem
Abandonadas a sorte
São anjos massacrados, não cometeram crime algum
Não opinaram, não escolheram
É tempo de caça
É tempo de eliminação
Eliminaram a dignidade, a fé, o amor, a piedade, a alma, o ser
É como se eles tivessem um alvo nas costas
Agora é hora de ajustar a mira
Não se pode errar
O mundo chora, ora
O mundo pede clemência, parece tarde demais
A tarde se põe, um rastro de sangue
A alma está marcada
Há poucos ali, agora respiram
O vermelho reflete o anoitecer
É a cor preferida da lua
A lua é sangue, é vermelha
As estrelas fugiram
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