Revista LiteraLivre 3ª edição | Page 72

LiteraLivre n º 3
Amélia Luz Pirapetinga / MG

Nem Romeu , nem Julieta

Já perdi a conta dos casos que ouvi de namorados românticos . Coisas do passado , é claro . Hoje em dia tudo está muito diferente , as moças não ganham mais as serenatas nas noites de lua cheia , mas elas vão com os seus “ ficantes ” curtir a balada vazando noites de agito total .
Bom seria mesmo ser a Colombina do Pierrô , ser a Julieta do Romeu , ganhar flores , chocolates , poesias autografadas e , no álbum da vida estar na primeira página ao lado do eterno namorado , aquele do primeiro olhar , do primeiro aperto de mão e do primeiro beijo no portão a despertar a primeira taquicardia .
Receber atenções especiais , corações flechados desenhados nas árvores do jardim com direito a nomes e datas . Ser escravos do Cupido até o fim da vida e contar e recontar todas as viagens , todos os presentes de aniversário , natal , dia das mães e , por que não , dia dos namorados mesmo comemorando as Bodas de Prata ou de Ouro .
Embora tudo isso seja sonho enterrado vivemos o pesadelo da falta de sensibilidade , de virarmos geleiras humanas sem a menor emoção a manifestar . Já não mais existem românticos que mesmo de “ jeans e de calça desbotada ” mandam “ flores para a namorada ” como na antiga canção . Que pena !
Com a revolução feminista visando a igualdade de condições , a mulher deixou de ser o sexo frágil que dependia da proteção do homem , preocupado em lhe proporcionar o melhor em muitos casos . Será que a mulher só ganhou ou também perdeu ?
Despiu-se de rendas e cetins , vestiu uma bruta calça de brim , tirou o chapéu e a flor dos cabelos e saiu por aí tentando fazer a sua liberdade , ou melhor , a sua igualdade de poderes diante do sexo oposto .
Os homens comodamente se retraíram , guardaram os seus violões e suas poesias com declarações de amor e nem sabem se a lua é cheia ou minguante , porque minguados estão os seus sentimentos neste jogo da vida em que a nudez da mulher , reveladora de todos os seus encantos , agora é exposta , não despertando mais aquela curiosidade que despertavam excitações . Vivemos um tempo de amores passageiros , de divórcios e separações e casamento á moda dos nossos
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