Revista LiteraLivre 3ª edição | Page 124

LiteraLivre nº 3 Um Vigia Assustado Mônica da Silva Costa Jacarezinho/PR Osvaldo trabalhava como guarda-noturno numa rua do centro da cidade. Zelava pela segurança de alguns dos estabelecimentos comerciais. A maior parte do tempo ele passava ao lado de um sobrado em cujo térreo achava-se instalada uma farmácia. No andar superior, funcionava uma clínica odontológica. Certa noite, por volta das quatro horas da madrugada, Osvaldo dirigiu-se ao banheiro de uma loja do outro lado da rua, o qual utilizava com frequência. Quando voltou, notou que algo inesperado acontecera na sua ausência. A luz da clínica brilhava lá em cima e ouviam-se graves ruídos vindos de dentro do prédio. Imediatamente lhe ocorreu a lembrança daquele terrível assalto que o consultório sofrera no ano anterior. Osvaldo havia sido surpreendido e amordaçado por dois sujeitos encapuzados que, além de o amarrarem para espancamento, deixaram-no jogado no quintal de uma residência vizinha. Eles tinham levado vários aparelhos odontológicos caríssimos e dois computadores da clínica. Osvaldo nunca se esquecera desse episódio, pois, além de ter sido agredido pelos assaltantes, fora culpado pelo prejuízo, e os dentistas descontaram o valor de seu minguado salário... Pela intensidade do barulho que se ouvia, imaginou que não era dos menores o grupo de assaltantes que estavam no consultório. No mínimo, haveria uns oito deles para garantir a eficiência e a rapidez no saque. 118