LiteraLivre nº 3
Um Vigia Assustado
Mônica da Silva Costa
Jacarezinho/PR
Osvaldo trabalhava como guarda-noturno numa rua do
centro da cidade. Zelava pela segurança de alguns dos estabelecimentos
comerciais. A maior parte do tempo ele passava ao lado de um sobrado
em cujo térreo achava-se instalada uma farmácia. No andar superior,
funcionava uma clínica odontológica.
Certa noite, por volta das quatro horas da madrugada,
Osvaldo dirigiu-se ao banheiro de uma loja do outro lado da rua, o qual
utilizava com frequência. Quando voltou, notou que algo inesperado
acontecera na sua ausência. A luz da clínica brilhava lá em cima e
ouviam-se graves ruídos vindos de dentro do prédio. Imediatamente lhe
ocorreu a lembrança daquele terrível assalto que o consultório sofrera
no ano anterior. Osvaldo havia sido surpreendido e amordaçado por dois
sujeitos encapuzados que, além de o amarrarem para espancamento,
deixaram-no jogado no quintal de uma residência vizinha. Eles tinham
levado vários aparelhos odontológicos caríssimos e dois computadores
da clínica. Osvaldo nunca se esquecera desse episódio, pois, além de ter
sido agredido pelos assaltantes, fora culpado pelo prejuízo, e os
dentistas descontaram o valor de seu minguado salário...
Pela intensidade do barulho que se ouvia, imaginou que
não era dos menores o grupo de assaltantes que estavam no
consultório. No mínimo, haveria uns oito deles para garantir a eficiência
e a rapidez no saque.
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