Revista LiteraLivre 3ª edição | Page 112

LiteraLivre nº 3 Não tem meu nome, mas também não tem nenhum outro Por Deus, a única coisa realmente útil que tenho na pia do banheiro É uma loção para hemorroidas, e nem ao menos posso usar Porque não incharam ainda Nem caíram pra fora de mim Penduradas, sabe Talvez eu devesse doar para o carteiro Já que nem um cachorro tenho pra ele O fogo que era azul agora derrete minhas panelas Insisto em observá-las pingando Só assim me interesso por química Parece besteira, mas decorei a tabuada Quem sabia podia sair da escola antes Capitais nunca soube Sempre um dos últimos a sair da aula de geografia Minha professora de ciências tinha um belo rabo Como não consigo lembrar seu nome¿ E por que não esqueço o nome da professora do pré¿ Alice, meu primeiro corpo impossível Bobagem, não era carnal, era amor Afinal, toda criança de seis anos era capaz de amá-la Obrigada a amar aqueles cabelos lisos e sua pele lívida Que sorriso, que voz, que cheiro absurdo Será que ela me amou tanto como eu a amei¿ Possivelmente, meus seis anos foram meu auge Tolerância 106