Revista Lanxess Ano 3 Nº 7 PTBR | Page 7

Para o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP, nos últimos dois anos, a política econômica manteve- se conservadora, focada na busca do desejado ajuste fiscal, que não se realiza porque há frustração de receitas (efeito da crise) e a prática de juros elevados. “E há um agravante: a total ausência de políticas industriais e a atrofia do BNDES, único instrumento de financiamento de longo prazo. Para a indústria, essa combinação torna o quadro catastrófico, uma vez que o ‘Custo Brasil’ continua elevado”, avalia. Consumo Aparente Nacional x Produção x Importação Análise anual – 1990 a 2017 (Nº Índice) (Em %) 300 40 35 250 30 200 25 20 150 15 100 10 50 0 5 93 Brasil ou importado, voltou a crescer. Entre janeiro e julho, o CAN foi 9% maior que no mesmo período de 2016. Contudo, a produção da indústria química nacional cresceu meros 0,8% neste período, e a importação subiu 33,6%. “Isso demonstra a falta de competitividade do produtor local. Estamos com a produção no mesmo nível de 2010 e um recorde histórico do volume de importações”, explica a diretora da Abiquim. Produção CAN 0 %Importação/CAN (*) Junho de 2017 / Preliminar O gráfico da Abiquim mostra que o Consumo Aparente Nacional, que caiu em 2015 e 16, volta a crescer. Contudo este crescimento não é acompanhado pela produção, que está em níveis equivalentes a 2007, enquanto a importação está em alta recorde. Entre os fatores que afetam a competitividade da indústria química nacional estão: preço e disponibilidade de energia elétrica; preço e disponibilidade do gás natural; entraves logísticos; e entraves burocráticos. Nestes tempos de negócios minguados, as indústrias químicas tiveram suas perdas minimizadas por dois fatores principais: o setor agrícola brasileiro, que aumentou a produção ano a ano; e o mercado externo. “Hoje, estamos exportando “Da porteira para dentro, as empresas estão com ótimos indicadores, até melhores que a indústria química internacional” aproximadamente 30% a mais que em 2013”, afirma a diretora da Abiquim. Segundo ela, as exportações tiveram a função principal de manter as operações com um nível de ocupação mínimo e não significaram necessariamente um aumento de receita. “A indústria química está rodando com 22% de capacidade ociosa, praticamente no limite. Como o processo de produção é contínuo, se houver ociosidade maior, há um risco de ter que parar plantas, o que aumenta muito o custo unitário. Para evitar essa situação, as exportações foram feitas, muitas vezes, com margens deprimidas”, explica Fátima Ferreira. Para ela, o lado bom, ou menos pior, da crise, é que as empresas, de uma forma geral, ganharam eficiência em seus processos. “Da porteira para dentro, as empresas estão com ótimos indicadores, até melhores que a indústria química internacional”, afirma a executiva da Abiquim. Mas “da porta para fora”, o setor sofre com obstáculos regulatórios e estruturais, que minam a competitividade da indústria. Os principais insumos e matérias-primas utilizados pela indústria química tiveram comportamentos distintos, nos últimos dois anos. O preço da energia subiu muito de 2015 até meados de 2016 e está estável em R$ 220/ 7