Revista Febase 87 - Novembro 2018 Febase-87-Pag-a-pag-versão-gráfica-9-11-18 | Page 23

democracia condicionada, ganham popularidade temporá- ria os líderes de discurso iliberal e o apelo aos maus instin- tos”, deixando o pedido para que a solução seja encontrada dentro de casa. “Substituamos a tentação do absurdo pela racionalidade do lento progresso, a criação de factos artifi- ciais pelo debate dos nossos reais problemas e soluções, a violência verbal e a demonstração do nosso protesto na rua pelo apaziguamento negocial e pela concertação”. MODERNIDADE O presidente da Câmara Municipal de Lisboa referiu que esta comemoração é, ao mesmo tempo, “um marco de força, de vi- talidade, mas acima de tudo de modernidade da UGT”. Para Fernando Medina, “a UGT não representa no valor da negociação e da concertação uma alternativa menor de exclusão de uma opção política”, referindo que este meca- nismo “é indiscutivelmente o modelo que mais faz avançar os países e as sociedades. O modelo que vinga, que está na trabalhadores génese da UGT é hoje um modelo de modernidade e de futuro”. O autarca destacou a importância da central sindical e dos seus sindicatos na obtenção de acordos, dando o exem- plo do combate à precariedade na cidade, da introdução das 35 horas e do acordo na Carris. CONFIANÇA Já Vieira da Silva explicou que a comemoração “é concreti- zada num momento complexo mas também de renovação da esperança e da confiança no futuro coletivo” após o pe- ríodo da “maior e mais grave crise económica e financeira da nossa história democrática”. O ministro referiu que o equilíbrio entre crescimento eco- nómico e coesão social e entre o reforço da proteção e do bem-estar social com a consolidação das contas públicas não seria possível sem que tivesse havido “um forte empe- nho de todos os atores e parceiros sociais na valorização da estabilidade e do clima de confiança”, dando o exemplo da estratégia de crescimento do salário mínimo. “Por diversas vezes essa estratégia foi apoiada em acordos de concerta- Comemorar através da música A sessão solene foi abrilhantada com vários momentos musicais. Um coro de bancários, constituído pelos grupos do SBSI, BdP, Millennium bcp, Santander Totta, CGD e BPI, entoou Hino da Alegria, de Beethoven, e Pompa e Circunstância, de Edward Elgar. Ana Teresa Cordeiro e Augusto Cordeiro brindaram os convidados com a harmonia dos seus violinos, tendo a soprano Ana Leonor Pereira, com António Ferreira ao piano, encantado com a sua voz. No encerramento, a Filarmónica Figueiroense e o Coro de Bancários cantaram o Hino Nacional. O conjunto de Figueiró dos Vinhos atuou também durante o corte do bolo de aniversário, que fechou com chave de ouro esta comemoração. ção em que sempre a UGT teve decisiva participação ativa e construtiva”. VALORES Jorge Lacão referiu que se vive “um tempo de encruzi- lhada, em que muitos dos princípios e valores que julgáva- mos definitivamente adquiridos parecem estar seriamente postos em causa”. Para o vice-presidente da Assembleia da República, “invo- car os 40 anos da UGT é podermo-nos associar à defesa e à transmissão dos valores da liberdade, da solidariedade, do pluralismo democrático, da defesa dos direitos humanos e da tolerância contra a intolerância”. Lacão explicou que “flexibilizar não é desregular e não é deixar de retirar direitos fundamentais que são os pilares em que se estrutura a sociedade, a dignidade humana e a dig- nidade de quem trabalha”. PAPEL IMPORTANTE Para Marcelo Rebelo de Sousa, os 40 anos da UGT são fei- tos “de institucionalização, afirmação como parceiro social, papel duplamente legitimador nos acordos de concertação social, com governos variados na composição e nas políti- cas, legitimador para os governos e o patronato e legitima- dor para a própria”. O Presidente da República fez referência à dedicação de milhares de trabalhadores sindicalizados, de sindicatos, de federações e de dirigentes a todos os níveis “conjugando sensibilidades diferentes como a socialista, a social- demo- crata, a democrata-cristã e os muitos não partidários”. DESAFIOS Percorrendo a história da UGT e os vários obstáculos que a central teve de enfrentar, “das crises mundial e europeia às crises nacionais”, Marcelo debruçou-se sobre o futuro. “Não é fácil esta era que se segue aos 40 anos de vida. O mundo precisa de não cair no unilateralismo, no protecionismo, no isolacionismo, na guerra económica que é sempre política.” “A UGT é daquelas instituições cujo protagonismo impres- cindível terá de se ajustar aos novos desafios da moderni- zação, antecipação, rejuvenescimento, ainda mais vigorosa presença da mulher, proximidade, discurso percetível e ágil e apelo a maior participação laboral e social”, concluiu. w FEBASE | novembro | 2018 – 23